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Menina Dandara

Margareth Menezes

Eu venho das águas lavadas em rios

sedentos
dos mares que molham as sombras de

Aldebaran
eu sinto de longe a fúria e o cheiro dos

ventos
que trazem as chuvas que nascem das mãos

de Iansã
eu sou a pirâmide e eu sei quem inventou o

tempo
que faz esse índio guerreiro aqui dentro

de mim
os raios que cruzam as ruas do meu

pensamento
acordam em frente ao espelho, meu doce

Alfinim

Vem lá do Pelô
essa voz, essa moça bonita Iara
Clareou
deve ser o olhar da menina Dandara

Eu tenho bordado na alma o nome das

estrelas
o braço de Zambi me guia na luz da manhã
o Sol deixa um fogo de sol sobre a minha

cabeça
a tábua dos 10 mandamentos já foi minha

irmã
nos olhos, no mundo eu vejo as meninas da

rua
a porta que dá pro destino não é uma só
eu sei de que é feito o caminho da estrela

nua
é mirra, é insenso, é ouro, é pedra e pó

Composição: Paulo de Sousa/Paulo Roberto dos Santos Rezende





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