Bem meu povo,
Já vai longe aquele tempo,
Da cadeira na calçada,
Bem no finalzinho da rua,
Da minha velha morada.
A tarde num pé de amora,
Via a ultima andorinha,
E na rua a criançada,
Brincava de amarelinha.
A jardineira apanhava,
Os passageiros lá na venda,
Um cavaleiro passava,
A caminho da fazenda.
Os visinhos conversando,
Se alongavam noite a dentro,
Até ficar salpicando,
De estrelas no firmamento.
A cadeira foi deixada,
Na calçada do destino,
Onde senta com saudade,
O meu sonho de menino.
Na avenida do meu peito,
Esburacada pelos anos,
Hoje passa a solidão,
A galopar meus desenganos.
Já é tarde em minha vida,
Na calçada do meu tempo,
A cadeira do passado,
Foi deixada no relento.
A andorinha da lembrança,
Me transporta ver de novo,
A calçada minha rua,
E a conversa com meu povo.
Mais é sonho,
Porque agora,
Na calçada do meu ser,
Sou cadeira que o tempo,
Se esqueçeu de recolher.