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Angel

Marcelo Nova

Sempre foi tão difícil esconder
Tudo que eu não sabia
Não deixar a mão esquerda saber direito
O que a direita fazia
Os fios brancos do meu cabelo
A meu orgulho sem sentido
Quis tocar na sua alma
Pelo caminho mais comprido

Ô Angel

Houve um tempo em que não havia
Vento capaz de lhe levar
Nem o olho do ciclone
Nem os grandes lábios do mar
O seu choro mais pungente
O que eu nunca escutava
Era o rastro do mistério
Que só você desvendava

Ô Angel

Você nadou com as baleias
E foi brincar com os tubarões
Nada mais pode salva-lá
Nem sereia, nem canções
Mas não há luz suficiente
Em toda essa escuridão
Que possa varrer a sua sombra
Dos cantos do meu moração

Ô Angel

Há tanta tinta sobre a tela
Pra quem não sabe nadar
Mas o castanho do teus olhos
Outros olhos irão guardar
Sobre o negro dessa noite
Por onde sempre caminhamos
Fizemos todas as promessas
Tantas que já nem lembramos

Ô Angel

Rogo aos deuses que a proteja
Mesmo sem saber rezar
Que o peso nos seus ombros
Não a faça envergar
E que a mais pura das damas
Ao lhe cobrir com o seu véu
Lhe conceda um novo sopro
Mais uma brisa, outro céu

Ô Angel






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