Deixa-me sofrer que eu mereço
Por um pouco que padeço
Não paga um terço do que fiz
É tão grande, tão horrível meu pecado
Que eu sendo assim castigado
É que me sinto feliz
Deus concedeu-me o direito
De eu mesmo ferir meu peito
Não quis meu crime julgar...
Bem feliz é todo aquele que erra
E aqui mesmo na terra
Pode seu crime pagar
Joguei uma jovem ao rigor dos caminhos
A trilhar
Sobre um monte de espinhos
Vejam só a maldade que fiz!
E quando a encontrei assim abandonada
Doentia, tristonha, arruinada
Pus-me a rir dessa pobre infeliz
E hoje o remorso que guardo comigo
Transformou-se em meu inimigo
Que procura vingar-se em meu ser...
Ando a vagar qual um louco morcego
Que procura fugir do sossego
Para nas trevas do mundo viver