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Lamento do Laçador

Luiz Marenco

Campeiro de fato saía pechando um brasino por conta
Na costa do mato encurtava distância com a rês n'outra ponta
Na força do braço estendendo a trança se armava o destino
Cinchava no laço deixava a presilha mandar no brasino

Faz tempo trouxeram o velho parceiro de lida da estância
Que ao passo dos anos buscava comigo nos campos do fundo
Erguendo no bronze pros olhos do povo que lira a distancia
Deixaram solito um gaúcho de a pé buscando o seu mundo

Se um dia erguesse até mesmo de barro uma outra imagem
Trouxesse a querencia, o cusco e o cavalo de laço nos tentos
Um largo sombreiro pra o sol veraneiro clareando a paisagem
E um poncho pra o dia que tapa invernia do agosto com vento

Do lombo do mouro quadrava o corpo do trono do arreio
Do golpe do estouro trocava de ponta um boi no rodeio
Mas cuida do pago na boca da grota não arma um pealo
Lamento que eu trago se um malo dispara lhe falta o cavalo

Faz tempo um brasino de sina torena tenteando a picada
Negou-se da tropa firmando galope cruzando fiador
E o rumo da trança que tras num galope ganhou a invernada
E por bem montado num tiro certeiro se fez laçador

É cria do campo benzido na hora em que apeava a garoa
Na hora da encilha bem quando a querencia prendia-lhe o grito
Talvez por saudade bombeia a cidade que o tempo encordoa
Tentando entender porque lhe trouxeram do campo solito

Se um dia erguesse até mesmo de barro uma outra imagem
Trouxesse a querencia, o cusco e o cavalo de laço nos tentos
Um largo sombreiro pra o sol veraneiro clareando a paisagem
E um poncho pra o dia que tapa invernia do agosto com vento

Campeiro de fato saía pechando o brasino por conta...






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