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Grito Largo

Luiz Marenco

O vento norte a embalar macegas

E o baio ruano abaralhando o freio

Solto do peito aquele grito largo

Marca sagrada de parar rodeio

Um pouco adiante o cusco atropela

A lebrezita que arrancou do sono

Bem lá no alto um touro osco berra

Como se fosse desse mundo o dono


(Pela invernada vão brotando trilhas

Riscando o verde de pêlo e poesia

A cavalhada em disparada longa

E o tranco manso do gado de cria)


A água suja no passo da sanga

Carrega cheiro de pasto pisado

Um quero-quero recortando os ares

Mistura jeito de chefe soldado

Até uma nuvem caminhando lenta

Chega sedenta no cocho de sal

Deus participa dessa tarde morna

E deixa à mostra seu amor rural


(Será esse grito de parar rodeio

Letra de um hino ou cantar de vida?

é certo mesmo que faz bem à alma

E adoça a boca no rigor da lida)


Até uma nuvem caminhando lenta

Chega sedenta no cocho de sal

Deus participa dessa tarde morna

E deixa à mostra seu amor rural


(Será esse grito de parar rodeio

Letra de um hino ou cantar de vida?

é certo mesmo que faz bem à alma

E adoça a boca no rigor da lida)

Composição: Fernando Mendonça Mendes / José Carlos Batista de Deus





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