que saudades que eu tenho
Da aurora de minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais
Que amor, que sonho, que cores
Daquelas tardes fagueiras
Na sombra das bananeiras
Debaixo do laranjal
Oh! dia de minha infância
O meu céu de primavera
Mesmo que a vida não era
Essas risonhas manhãs
Em vez das mágoa de agora
Eu tinha imensas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã
Livre filho das montanhas
Eu ia bem satisfeito
De camisa aberta ao peito
Pés descalços e braços nus
Correndo pelas campinas
Nas rodas das cachoeiras
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas
Trepava a tirar as mangas
Brincava a beira do mar
Rezava a Ave-Maria
Achava o céu sempre lindo
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar
Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora de minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais