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Barrante do Tempo

Luiz De Castro

Eu estou olhando la na curva do destino
Meus longos dias lentamente se findando
A mocidade que ficou la na distancia
E a velhice aos poucos se aproximando.
As minhas pernas se encontram fraquejada
Quem era forte não pode mais com o laço
Um boiadeiro de talento e muita glória
Hoje se encontra naufragado no fracasso.

E quantas vezes através de uma miragem
Vejo a boiada caminhando no pensamento
Dessa boiada já não sou mais boiadeiro
Sou agora um cargueiro transportado sofrimento.

A minha tropa há tempo esta parada
Até parece que sofre como eu
O meu cachorro não sai da porta do rancho
O meu berrante para sempre emudeceu.
Minha guaiaca pelos anos já desfeita
Meu par de espora no esteio pendurada
O coxinilho que já foi o meu abrigo
Hoje somente é uma sombra do passado.

Lá na estrada já não vi mais a poeira
Rasto de gado o progresso apagou
Perdi aquela que em vida tanto amava
Linda cabocla que o berrante conquistou.
Meus companheiros já deixaram esta vida
Todos partiram deixando a saudade
Estou seguindo o berrante do tempo
Que pouco a pouco me conduz pra eternidade.






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