O pai e o avô eram músicos. O pai, violonista, deu-lhe o nome de Wagner em homenagem ao compositor alemão. Ainda jovem, saiu de casa para morar na Cidade Universitária em Santa Maria, onde conheceu vários músicos, como Cauby Peixoto, Lupicínio Rodrigues, entre outros. Por essa época, ouvia muito Severino Araújo e a Orquestra Tabajara, além de músicos como Zé Bodega, que muito influenciaram a sua escolha pela carreira artística. Autodidata, aprendeu violão e guitarra ainda menino. Logo depois, integrou várias bandas.
Memória da MPB
Gaúcho de Bagé, Luiz Vagner Dutra Lopes nasceu em uma família musical. Filho de mãe índia, seu pai, Vicente Lopes, era músico da orquestra Copacabana Serenaders, que usava o nome artístico Sarará, e seu avô, além de fotógrafo e pastor, era flautista. Bem cedo começou a conviver com artistas em cidades da região.
Aos dez anos, já tocava bateria e violão. O que no entanto foi marcante para sua escalada musical foi a descoberta do rock, ao ver o filme "Rock Around The Clock" ("No Balanço das Horas" na versão Tupiniquim), um dos marcos do estilo no Brasil. Começou a compor algumas músicas.
Em 1963, mudou-se para Porto Alegre e neste mesmo ano, junto com Luiz Ernani, Valdir, Jacks e Edson da Rosa, formou o conjunto The Jetsons. O grupo apresentava-se em reuniões dançantes e acompanhava os cantores que por lá apareciam, começaram no progama "Parque Infantil" de Waldemar Garcia, na TV Gaúcha até que em 1966, a banda migrou para São Paulo e se transformou na banda Os Brasas.
Da formação original dos Jetsons, ficaram apenas Edson da Rosa e Luís Vagner, contando com mais dois integrantes: Anires Marcos e Franco Scornovacca (que chegou a gravar um disco de samba-rock em 1978 e hoje é produtor e empresário musical, além de pai do trio de irmãos KLB).
A banda contava com um repertório próprio, tendo Luís Vagner e Tom Gomes (seu mais constante parceiro nessa época) como principais compositores. Gravam um compacto e continuam suas participações em programas de televisão como o famoso "O Bom", apresentado por Eduardo Araújo e produzido por Carlos Imperial na extinta TV Excelsior e integraram a Banda Jovem do Maestro Peruzzi.
Em 1968 sai o único LP, lançado pela Continental/Musicolor e inédito em CD. Um disco de rock, com pitadas de psicodelia, algumas baladas românticas e letras alegres. como Os Brasas, com mais dois membros: Franco, Anires Marcos e Edson.
Nesse período, o cantor e compositor carioca Demétrius gravou a canção "Magoei seu coração", primeiro registro em disco de uma música de Luís Vagner. Nesse mesmo ano, o cantor niteroiense Ronnie Von grava a música Sílvia, 20 horas domingo, de autoria de Luís Vagner e Tom Gomes.
Em 1969, com o fim dos Brasas, Luís Vagner começou então a trabalhar em estúdios como músico e produtor. Participou de alguns álbuns (como o disco da banda de soul Os Diagonais, de onde saiu o cantor e compositor paraibano Cassiano) e suas músicas foram gravadas por artistas como o cantor carioca Wilson Simonal e os irmãos vocais do Trio Esperança.
Em 1971, participou do disco "Vida e obra de Johnny McCartney", do cantor e guitarrista potiguar Gileno (ex-parceiro de Lílian Knapp, na famosa dupla jovem-guardista Leno e Lílian), disco que viria a ser o primeiro gravado em 8 canais no Brasil. Luis grava seu primeiro compacto com as músicas “Viagem para o Sul” e “Moro no Fim da Rua”, esta gravada também por Wilson Simonal e Trio Esperança.
Em 1972, compõs uma de suas mais marcantes canções, "Como?", gravada pela primeira vez pelo cantor e compositor pernambucano Paulo Diniz e posteriormente por muitos cantores brasileiros, entre eles o compositor e violonista paulistano de samba-rock Bebeto.
Em 1973, escreveu mais uma música que faria um grande sucesso: trata-se de "Camisa 10", parceria com o compositor carioca Hélio Matheus, lançada pelo sambista santista Luiz Américo, que se tornou um hino futebolístico, graças à performance da Seleção Brasileira de Futebol daquele ano.
Em 1974, gravou seu primeiro disco, "Simples", e iniciou uma fusão de ritmos e gêneros musicais que o acompanhavam desde criança. Nesse disco, o samba-rock "Só que deram zero pro Bedeu" (homenagem a Jorge Moacir da Silva, o Bedeu, compositor gaúcho que forneceria muitos sucessos a Bebeto) repercute bem dentro do cenário de música negra no Brasil. Esse álbum, assim como alguns outros, é 100% autoral. Ainda em 1974, participou do disco "1990 - Projeto SalvaTerra", do cantor e compositor carioca Erasmo Carlos, tocando viola na música "A experiência".
Em 1975, grava o disco "Cousas e Lousas", que está fora de catálogo. Nesse mesmo ano, compõe com Bebeto "Segura a Nega", que fez parte do álbum de estréia do violonista paulistano e foi redescoberta por DJs e grupos de samba-rock do século 21. Paulo Diniz gravou "As Estradas", mais uma parceria com Tom Gomes.
Em 1976, gravou o disco "Luís Vagner", que ficou conhecido como "Guitarreiro", em virtude do sucesso da música que abre o disco, uma autobiografia. Nesse período, era conhecido como "gaúcho guitarreiro", alcunha que o acompanha até hoje. Continuou trilhando o caminho da fusão musical, tendo inclusive influências da chula, da guarânia e do reggae, esse último ritmo que o segue de forma mais marcante até hoje.
Em 1978, participa do disco de Franco Scornovacca como guitarrista e tem a sua música "Guitarreiro" regravada nesse álbum. E compõe "Se Quiser Chorar por Mim" e "Gandaia" com o cantor e compositor mineiro Wando, músicas registradas no disco "Gosto de Maçã", de Wando. Ainda em 1978, sua composição "Guria" integra a trilha sonora da novela da Rede Globo "Dancin' Days".
Em 1979, gravou seu disco "Fusão das Raças", um trabalho de linguagem mais pop, mas também voltado para a diversidade musical. Além da inclusão de "Guria" (com participação vocal do cantor e compositor Paulinho Camargo), gravou pela primeira vez "Como?" e fez leitura inusitada de "Garota de Ipanema", do maestro e compositor Tom Jobim e do poeta e letrista Vinícius de Moraes.
Em 1981, foi homenageado pelo cantor e compositor carioca Jorge Ben, com quem conviveu durante a época da Jovem Guarda. A música "Luís Vagner Guitarreiro" consta do álbum "Bem Vinda Amizade". Os sambas "Embrulheira" e "Como?" e foram gravados por Bebeto em seu disco homônimo.
Em 1982, gravou o disco "Pelo Amor do Povo Novo" e participa do festival de MPB da Shell com o samba "Crioulo Glorificado", de Jorge Ben.
Em 1983, no festival de Jazz de Nice, subiu no palco pra dar canja com o BB King. Quem emprestou a guitarra foi o Jonhn Skotfield, guitarrista da banda de Miles Davis.
Em 1986, lançou seu primeiro disco ao vivo "O Som da Negadinha", com regravações de seus sucessos.
Em 1988, gravou o disco "Conscientização",produzido por Mauro Pinheiro, um disco de reggae que contém entre outras a música "Oi". Ainda em 88, se junta a Toni Tornado, Lady Zu, Carlinhos Trumpete e Tony Bizarro para gravar o disco-manifesto "Alma Negra".
Em 1989, após a realização de uma tournee pelo sul do Brasil, em lançamento do disco "Conscientização", boicotado pela gravadora Copacabana, que não mandou o disco para as lojas, ele e o produtor e amigo Mauro Pinheiro a convite do amigo leal e percussionista Luiz Carlos de Paula, resolvem fazer uma viagem a França e lá gravam "Cilada" junto com a Banda Amigos Leais. Esse trabalho não foi lançado no Brasil. O trabalho foi gravado em duas etapas. A primeira, ao vivo no "Jazz à Vienne", um dos maiores festivais musicais da França, e a segunda em um estúdio na periferia de Paris chamado John Lennon.
De 1989 a 1991, músico e produtor se instalam na cidade de Vaux Sur Senne, uma pequena vila distante 40 km de Paris. Com uma base montada na pequena ilha, se associam à jornalista francesa Michéle Pelé e iniciam uma fase de muitos shows pela França.
Voltando ao Brasil em 1992, estréia um show no Aeroanta onde recebe a Banda The Wailers. Realiza uma série de shows por praças publicas em São Paulo e inicia a produção de "Vai Dizer Que não me Viu ...", lançado em 1994 pelo selo independente DAAZ finalizando mais um ciclo muito produtivo de sua carreira.
Luis Vagner volta a uma antiga parceria com o produtor Nilton Ribeiro e grava pela Paradoxx "Brasil Afrosulrealista",com a presença constante do reggae e "Swingante" onde retorna ao "Samba Rock".
Tem músicas gravadas por Luis Américo (“Camisa 10”), Sílvio Brito (“Espelho Mágico”), Wando (“Se Quiser Chorar por Mim”), Ronnie Von (“Silvia, Vinte Horas, Domingo”), Adriana (“Justo Nesta Noite”), Eliana Pittman (“Vou Pular Neste Carnaval”), Paulo Diniz (“Como?”), Bebeto (“Segura a Nega”), além de Lady Zu, Tony Tornado, entre outros. O guitarrista continua se apresentando pelo Brasil em shows.
Em 2001, com a volta do samba-rock ao cenário musical, conseguiu nova projeção e se apresentou em diversas casas em São Paulo e Porto Alegre. Nessas ocasiões, foi freqüente a participação especial da banda paulistana Clube do Balanço, que teve em seu disco de estréia três músicas do guitarreiro (que participou inclusive da gravação do disco): "Saudade de Jackson do Pandeiro" (com Bedeu), "Trilha Guitarreira" (com o guitarrista e compositor paulistano Marco Mattoli, líder da banda) e "Segura a Nêga" (com Bebeto). Na faixa "Falso Amor", de Bedeu, divide vocais com Mattoli.
Em 2002, gravou com os conterrâneos do Ultramen, banda que mistura rock, reggae, rap e outros estilos.
Atualmente, mora em São Paulo e continua na ativa, como cantor, compositor e músico.