Pintei
Um quadro vivo
Na imaginação
Ao rabiscar na tela do destino meu
Usei as cores de um amor desiludido
E fui pintando traços do desprezo teu
Dei cores de contrastes a minha sorte
Tão linda e tão cheia de ironia
Pintei o sol no dia em que chegaste
Depois, pintei o vento no dia em que partias.
Joguei felicidade em forma gaivota
No fundo de meu quadro
Azul de solidão
Simbolizei um barco naufragando na revolta
E dei ao barco a forma do meu próprio coração
Fui colorindo aos poucos o sabor da minha sina
Criando a possibilidade
De um palhaço sentado numa praia
Chorando serpentina
Jogando prantos de saudade no espaço
E cada serpentina que dos olhos meu caia
Subia mais o nível da minha desventura
Nem pude terminar meu quadro, colombina!
O pranto que eu pintara
Saltara na moldura
E ali no meu fracasso de artista sem platéia
Pisando os confetes do meu triste carnaval
Dependurei meu quadro na parede de idéia
Até quando decidas assistir meu festival