A multidão vem a pé
E o que eles veem, só não vê
E foi a rua onde eu nasci
Vi um prédio, um trem
Tudo era tão maior do que é
Encostado à vida em frente ao sinal da lei
Uma placa acesa, um muro de enfeite
Num cartaz, um dia lindo
Era a paz, enfim
Sem um beco, sem um negro, marfim
E o que eles veem, só não vê quem não quer ver
Cada um daquela vila ia ver por mês
O que dava pra sonhar, por mais três
Mas a dona da esquina disse: "a vista é nossa"
Não há preço meu terreiro, quem possa
Se na selva do dinheiro, sobrevive quem tem dente
Do meu pé o vento leva a semente
E o que ela vê, só não vê quem não quer ver
Pra cada um com um milhão; Um milhão sem um sequer
Quem não quer ver
Quem não quer ver
Quem não quer ver