Meu tempo de boiadeiro
Eu não esqueço jamais
O primo Chico Mineiro
Que foi o meu capataz,
O grito da peãozada
Em busca dos marruás
Quando eu peguei boi a laço
No chão de Minas Gerais.
Viajei pela boiadeira
Descendo dos pantanais
Formando nuvens de poeira
Na copa dos coqueirais,
E quantas noites dormidas
No meio dos carrascais
Em cima de alguns baixeiros
O forro dos animais.
A comitiva pesada
Cargueiro de cereais
Berrante de madrugada
Manhãs de uns anos atrás,
Passei por vales e montes
Dos quatro pontos cardeais
Fazendo entrega de boi
Em diversas capitais.
Deixei de ser boiadeiro
E quanto tempo já faz
O primo Chico Mineiro
Mataram em Minas Gerais,
Daquele bom companheiro
Só existe restos mortais
Adeus peões e boiadas
Adeus para nunca mais.