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Eu Sou Caboclo

Liu e Léo

(Edward de Marchi)

Eu sou caboclo nascido em tapera, arisco que nem fera que não cai no laço
Sem divisa de qualquer fronteira me criei igual a águia que domina o espaço
Barrar meus passos é dar com os burros na água, é ver o diabo de mágoa na casa a rolar
Porque eu vejo a viola em caco sem tirar ela do saco antes de apear

Jogo meu laço por cima e por baixo, tanto pulo como abaixo em ocasião de apuro
Se o pantaneiro é brabo eu sou maneiro, o potro rincha eu solto a chincha e no braço eu seguro
Enfrento a morte se me for preciso nem pro chão aonde eu piso não devo favor
Quem vem do berço com destreza é forte, tem fé não precisa sorte vence é com suor

Só temo a Deus que risque o céu com raio, faz o negro ficar baio, o branco furta cor
O resto eu topo cara a cara, peito a peito, imponho justiça e respeito seja lá quem for
Meu sentimento é não ser poderoso, como eu sou forte e brioso, teimoso e ligeiro
Pra na escrita por pingo no i, pra ver a terra onde eu nasci livre de aventureiro

Sinto orgulhoso de ser brasileiro, não temo o estrangeiro e faço respeitar
A imensidão do meu verde amarelo, pois um outro rico e belo no mundo não há
Vejo distante fome, dor e guerra e a paz da minha terra sempre mais gentil
Sem preconceito de cor, raça e culto, um Deus, um hino, uma bandeira e viva meu Brasil






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