Os versos que canto agora
Cada qual fiz para ti
No lombo do campo a fora
Gado e saudade estendi
Por longa e lenta a demora
Meu verso te trouxe aqui.
Tu não sabes, mas eu te canto
Em cada volta de estrada
Por estes sem fins de campo
Em cada frescor de aguada
Te nome põe mais um tanto
De lindeza às campereadas.
Geada, chuva e mormaço
Nunca me abalaram a confiança
Bagual sustento no braço
Touro pesado na trança
Mas, se me agarra o cansaço
Me amparo é nas tuas lembranças.
Certa vez buscando um passo
A um passo da solidão
Achei meu gado sumido
Nas brumas que cobrem o chão
Vi teu corpo em corticeiras
Molhado de serração.
De viver nestas campanhas
Pouco carinho aprendi
Te trago um corte de chita
Frutinhas de ñangapiri
Buquê de flores bagualas
E ovinhos de juriti.
Trazer teus versos, não pude
Ficaram no descampado
Nalguma taipa de açude
Nalgum parador de gado
E o timbre de um cantor rude
Anda no campo extraviado.
Memina, escuta a sanga
O vento pela canhada
Voz de arvoredos e pastos
O atropelar d'uma eguada
Ali terás teu cantor
Versejando a ti, amada.
(Ali cruzou teu cantor
Versejando a ti, amada.)