Eu sou um bagual de chácara
Que fugiu pra o corredor -
Me boleei, perdi os arreios
Não tenho dono, senhor
Rebentei todo o alambrado
Das convenções dos meus pais
Peguei o freio nos dentes
E não voltei nunca mais
Não creio em china chorona
Nem égua de cola erguida
Sou bagual solto da pata
Relinchando pela vida.
Se como um churrasco gordo
Me limpo com fio de faca
Gosto de cheiro de campo
E ouvir berro de vaca.
Me criei com feijão preto
Tripa gorda e carne assada
Num tiro de volta e meia
Só boto sorte cravada.
Ninguém me grita buraco
Se estou de guampa torcida
Gaudério d rumo incerto
Não tá ligando pra vida.
Sou touro, não sou terneiro
Como sal em qualquer cocho
Vaca não berra comigo
E não corro de touro mocho.