Já que estamos no meio
No auge desse caos
Abismados com a loucura radical
Que é estarmos vivos, justo aqui
Já que o homem parece ter criado para si
O seu mais cruel veneno
Já que somos esse fino cordão
Prestes a romper entre a terra e o céu
Prestes a vencer a data de validação
Dessa precária encarnação
Se não acordamos do sonho parasita (parasita)
Esquecemos no ato que viemos de visita
Como bichos da seda que se enrolam no cordão
Como bichos sem mato que se matam pra viver
Pensando em só sobreviver
Já que o homem parece ter contado para si
A mais sensual mentira
Já que a história é feita pra boi dormir
E se espreguiçar já não dá conta de acordar
E yoga já não é mais meditar
Quem poderá nos levantar?
Se não subvertermos o modo parasita (parasita)
Esquecemos no ato que viemos de visita
Passe o código de barras desse seu coração
Para ser legitimado na pesagem do balcão
E desconte na fonte a alegria que ganhar
Garantindo as garantias que ninguém vai lhe mostrar
Boa sorte, se tiver
Quando seu fio se desfiar
Boa sorte, se quiser
Quando seu filme se revelar
Se não crescemos, viramos parasita (parasita)
Esquecemos no ato que viemos de visita
Como bichos da seda
Como bichos sem mato
Já que estamos no meio
E esquecemos no ato
Composição: Leo Cavalcanti/Nenung