Léo Canhoto
Toada Ligeira
Pra cuidar da sua filha uma pobre mãezinha
Trabalhava no pesado dava tudo o que tinha
Por ela não ter estudo enfrentava o que vinha
Lavava roupa e passava quase a noite inteirinha
Era ela mãe solteira no mundo estava sozinha
Alguém lhe jurou amor enganando a pobrezinha
Apesar de viver só ela nunca saiu da linha
Só tinha no pensamento estudar sua filhinha.
Tudo se passou depressa igual a onda na areia
Sua filha ficou grande, seu pensamento vagueia
Falou pra sua filhinha um dia na hora da ceia
Tenho raiva de sua cara, você é uma velha feia.
Eu sou grande, eu sou livre, o meu peito agora anseia
Vou sair da sua casa, vou viver em casa alheia
Eu não sou da sua marca pra ficar aqui na peia
Tenho nojo do seu sangue que corre em minhas veias.
Ela foi embora deixando sua mãe entristecida
Andando em má companhia, se tornou uma perdida
Um dia num acidente ficou na rua caída
Foi levada a um hospital pra ser urgente socorrida
Por perder bastante sangue ela estava desfalecida
Neste instante uma mulher foi entrando mal vestida
Eu quero doar meu sangue pra salvar aquela vida
Nem o médico sabia que era sua filha querida.
Depois de doar seu sangue a mulher desapareceu
Soluçando muito riste ninguém a reconheceu
Cinco dias se passaram veja o que aconteceu
Ela foi encontrada morta mais um bilhete escreveu
Com nome de sua filha de quem nunca ela esqueceu
Seu coração de mãe não agüentou, ela morreu
No bilhete estava escrito: Filhinha fiquem com Deus
Não se esqueça que em suas veias corre o sangue que era meu.