Leo Canhoto / Geraldo N. da Silva
Toada Ligeira
Eu carreguei você no colo muitas vezes
Quando você ainda era criancinha
Lhe dava banho e enxugava seu corpinho
Quando você molhava sua roupinha.
Você só tinha dois aninhos de idade
Eu tinha doze ou até um pouco mais
O dia inteiro eu cuidava de você
Porque eu era empregado do seu pai.
Eu fui crescendo, fiquei homem bem depressa
Você também ficou mocinha de repente
Seu pai mandou você estudar num colégio
Pra ser mais tarde uma moça competente
Você agora está de volta em sua casa
Moça bonita comum diploma na mão
E eu ainda do seu pai recebo ordens,
Porque seu pai ainda é o meu patrão.
Só que agora não consigo mais dormir
Depois que eu vi você bonita desse jeito
Passa por mim e não dá nem confiança
Não quer saber da dor que eu trago no meu peito
Você estudou, cresceu, mudou completamente.
Eu continuo sendo o mesmo empregado,
Só que um tempo eu fui seu anjo da guarda
Agora sou o seu maior apaixonado
Bastante vezes enxuguei o seu rostinho
Quando você começava a chorar
Criei você sem saber que estava criando
Uma cobra pra mais tarde me picar.