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Na Trilha Dos Animais

Léo Canhoto e Robertinho

Leo Canhoto
Leo Canhoto e Robertinho
Moda de Viola

Seguindo a trilha dos animais
eu entre na selva pra me esconder
Minha vergonha era demais,
eu me escondi pra ninguém me ver
Vergonha de ser chamado
filho de Deus e nada fazer
Vergonha de ser um homem
E não lutar pra matar a fome
de quem não tem nada pra comer.

Quando entrei lá na mata
recebi vaias dos passarinhos
Os animais me olhavam,
sentindo medo fiquei quietinho,
Ouvi eles me chamando
de matador frio e mesquinho,
É o homem que queima a mata
Destrói a flora e nos desacata
matando até nossos filhotinhos.

Tentei falar, mas não me deixaram,
me expulsaram, fiquei sem graça
Volte para sua casa,
vai viver junto com a sua raça -
Aqui não usamos drogas,
não temos armas e nem cachaça
Tem muitos da raça humana
Que até o próprio irmão engana
se prostituindo e roubando a taça.

Aqui ninguém rouba o que é do outro,
não tem malandro, nem trombadão
Não temos muros, nem guarda,
ninguém aqui tem mal intenção
Você é a fera mais perigosa que reza
e diz ter bom coração
Tem muitos homens pior que um bicho
Não servem nem pra jogar no lixo
ainda falam que são cristão.

Voltei pra casa, fiquei pensando
em tudo aquilo que eles me falaram
E nessa exato momento
pra me roubar bandidos entraram -
Por eu ter pouco dinheiro,
fui humilhado e me maltrataram
Vamos voltar, seu imundo
Prepare a grasna, seu vagabundo
foi o recado que eles deixaram.

Coloquei grade de ferro e aço,
na minha casa, que crueldade
Os animais estão certo,
eles falaram a pura verdade,
A casa virou cadeia,
vivo trancado por trás das grades
Eu que sou justo, eu que sou bom,
Vivo aqui fechado, feito um ladrão
e muitos ladrão vivem em liberdade!

Composição: Léo Canhoto





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