Há muito que aqui no meu peito
Murmuram saudades azuis do teu céu
Respingos de orvalho me acordam
Luando telhados que a chuva cantou
Mas o que é que tens feito
Que estás tão faceira
Mais jovem que os jovens irmãos que deixei
Mais sábia que toda a ciência da terra
Mais bela, mais dona, do amor que te dei
Onde anda meu povo, meu rio, meu peixe
Meu sol, minha rede, meu tamba-tajá
A sesta, o sossego na tarde descalça
O sono suado do amor que se dá
E o orvalho invisível na flor se embrulhando
Com medo das asas do galo cantando
Um novo dia vai anunciando
Mandando e cantando cantigas de lá
Vós sois o lírio mimoso
Do mais suave perfume
Que ao lado do santo esposo
A castidade resume
Oh, Virgem Mãe amorosa
Fonte de amor e de fé
Dai-nos a benção bondosa
Senhora de Nazaré
Dai-nos a benção bondosa
Senhora de Nazaré
Se em vossos lábios divinos
Um doce riso desponta
Nos esplendores dos hinos
Nossa alma aos céus se remonta
Oh, Virgem Mãe amorosa
Fonte de amor e de fé
Dai-nos a benção bondosa
Senhora de Nazaré
Dai-nos a benção bondosa
Senhora de Nazaré
Sem círio da Virgem
Sem cheiro cheiroso
Sem a chuva das duas que não pode faltar
Murmuro saudades de noite abanando
Teu leque de estrelas
Belém do Pará