Três degraus de madeira poída
Da casinha caindo aos pedaços
Descem ao chão do terreiro batido
Onde dei os meus primeiros passos
Vejo ali minha mãe sentadinha
Escolhendo do arroz a quirera
E em redor os porquinhos e patos
E as galinhas ciscando na terra
O primeiro degrau foi a infância
O segundo foi a mocidade
O terceiro é onde hoje me encontro
O mais alto degrau da saudade
Minha mãe foi pro céu numa escada
Com degraus bem mais largos, bonitos
Mas na grande alegria da volta
Tres degraus me levaram ao infinito
Ao rever minha casa pequena
Rodeada por velhas mangueiras
Me senti um pedaço de tudo
Que restou da visão derradeira