No varal de roupa mamãe pendurava
Lençóis coloridos em longa fileira
De longe se olhando até parecia
No quintal de casa um fio de bandeira
Pedaços de tarde, de minha lembrança
Deixei pendurados naquele varal
Pois hoje na minha memória cansada
Eu vejo tão perto aquele quintal
As peças vermelhas, azuis, amarelas
Um mundo de cores beirando o jardim
Estão desbotadas no varal da vida
Aqui escondidas bem dentro de mim
Sou parte daquele varal estendido
Fui sol, fui a brisa que o tempo secou
Fui cabelos brancos da mãe que hoje estende
A roupa do nada, no nada que sou
As tardes me mostram mamãe pendurando
O pano infinito de azul celestial
Qual roupa de anjos no varal do espaço
Por sobre este mundo, imenso quintal