Narrador: - Um homem enriqueceu fabricando aguardente. Carros, fazendas, palácios, adquiriu de repente.
Uma noite ele sonhou que estava muito contente entre seus bens, quando deu-se um fato surpreendente.
Homem: - Minha fábrica de cachaça deu-me um lucro fabuloso... tudo isto me pertence estou rico, poderoso.
Consciência: Boa noite. Como vai?
Homem: - Boa noite, quem é o senhor?
Consciência: - Sou a sua consciência. Acompanhe-me por favor. Quero lhe mostrar agora quanta dor, quanta desgraça, quantos lares destruíste com sua maldita cachaça.
Homem: - O que é isso? Ouço vozes de crianças a chorar!
Consciência: - Sim. São as criancinhas órfãs que ficaram a penar, depois que seus pais morreram bebendo até se acabar, a sua maldita cachaça num triste balcão de bar.
Homem: - Está chovendo sem nuvens? Por que esta chuva, por Deus!
Consciência: - São as lágrimas das mães, que perderam os filhos seus, bebendo a sua cachaça.
Uns morreram, outros mataram. Esposas sem esperança que abandonadas ficaram.
Homem: - O que é isto, onde estou? Sinto um estranho pavor...Ouço um turbilhão de vozes gritando para mim! OH! que horror!
Consciência.: - São os homens que bebendo sua cachaça enlouqueceram e hoje estão num manicômio, chorando o lar que perderam
Homem: - O que vejo? Um grande rio? Com suas águas revoltadas e pessoas afogando-se gritando desesperadas?
Consciência: - Este é o rio de cachaça que o senhor fabricou. E veja ali quantas vidas sua cachaça afogou.
Para o senhor ficar rico e tão depressa progredir., quantos sonhos, quantos lares, foi preciso destruir.
Homem: - E esta longa procissão , silenciosa, onde vai?
Consciência.: - São mães que perderam filhos, filhos que perderam pais. Vão até o cemitério, todos cobertos de luto, visitarem os que morreram vítimas de seu produto. Tu sabes que ela é veneno, mas vende sem piedade a cachaça destruidora, flagelo da humanidade.
Por isso vou atirá-lo neste abismo profundo. Fique aí. És o pior dos pecadores do mundo.
Homem: - Estou caindo, é um abismo. Tudo é escuro em meu redor.
Nada estou vendo, socorro! Salva-me Deus, por favor.
Ah! Estava dormindo, acordei. Então era sonho. Oh! Que sorte!
Sim, mas o sonho provou que eu sou o fabricante da morte.