O dia de um homem da vida moderna
É super agitado desde o levantar
É o despertador que toca e ele acorda
Sem ter quase tempo nem pra espreguiçar
Já calça os sapatos, escova os dentes
- será que de nada eu não me esqueci?
Molha só os olhos, veste o paletó
- e meus documentos? ah! estão aqui
Beijinhos na esposa, beijinhos nos filhos
E ela: - cuidado com o trânsito, meu bem
E sai pela rua – já estou atrasado
Não posso por nada perder esse trem
Já quase correndo, ouve o apito
Do trem que avisa que deve partir
Chega na estação, o trem vai saindo
- é neste vagão que eu devo subir
- desculpe amigo, aperte um pouquinho
Quero um buraquinho pra poder entrar
- cavalo, não empurra!, ai, ai, os meus calos!
- desculpe, preciso pra frente passar
Na estação final salta esbaforido
Chega no escritório, moído, cansado
- bom dia, bom dia, e o patrão já diz:
- seo joão, outra vez chegou atrasado?
Começa a labuta, faturas, despachos
Papéis, duplicatas, recibos – fofoca
- margô, você viu ? o pedro da venda
Fugiu com a filha da dona maroca
E ele metido naquele alvoroço
A hora do almoço – meio-dia e dez
No bar da esquina : - manoel cobra aí
Foi um guaraná e quatro pastéis
Começa de novo a luta na firma
Toca o telefone e ele.: alô
- ah? está bem, pois não, entendi
É claro, está certo, já sei, acabou
Vem o ordenado, desconto daquilo
Foi vale pra isso – e este vale, por quê?
- ah! eu fiz este vale pra ir assistir
Lá no pacaembu o corinthians perder
Pra voltar pra casa começa de novo
Aperto, empurrão, e gente a falar
- você leu nos jornais? mas que tanto divórcio!
E minha amiga vanda ainda pensa em casar!
Ao chegar em casa, beijinhos nos filhos
Beijinhos na esposa e que chateação!
Sem um vintém no bolso veste o seu pijama
E agüenta duas horas de televisão
E a mulher – meu bem recebi uma carta
Que a mamãe pro mes vem nos visitar
Ah! o manoel da casa me disse: se não pagarmos
Todo o aluguel, vai nos despejar
Cheio de problemas, termina esse homem
Um dia sem nada de bom conseguir
Porém consciente do dever cumprido
Tomara que ele consiga dormir!