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O Bezerrinho

José Fortuna

Que triste sina têve o pobre bezerrinho
Que nasceu logo cedinho
Sobre os campos do sertão
As nuvens brancas como ele pareciam
Bezerrinhos que corriam
Pelo azul da imensidão
Devido o leite que a mãe ia lhe dar
Ele têve que deixar
Este mundo ao nascer
O fazendeiro fez a conta direitinho
E falou: o bezerrinho
Dá mais lucro se morrer

Pobre bichinho foi na mão do bicho-homem
Que ele veio entregar sua triste sorte
Por um minuto viu brilhar a luz da vida
Mas esta vida foi trocada pela morte

Dar tanto leite pro bezerro ficar forte
E depois mandar pro corte
Perderia um dinheirão
Para esperar três anos comendo pasto
Ele só ia dar gasto
Com o preço da ração
Porisso todos os bezerros que chegavam
O fazendeiro matava
Para o leite aproveitar
Nem o primeiro leite puro da mãezinha
Antes da morte ele tinha
O direito de mamar






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