(moda de viola – dialeto caipira)
(José Fortuna-Marrueiro)
Numa sexta-feira santa
Saiu o João Caçador
Dos conselhos dos amigos
Fez pouco caso, abusou
A sua filhinha amada
Na despedida beijou
Botou a espingarda no ombro
E pra mata enveredou
Chegando lá num banhado
Uma garça ele avistou
Sabendo que era pecado
Mesmo assim ele atirou
Quando pôs a mão na caça
Sentiu que o corpo gelou
O remorso do pecado
Uma desgraça avisou
Voltou pra casa correndo
Quando na porta chegou
Viu sua filhinha amada
Que tão alegre deixou
Tava morta sobre a mesa
Toda coberta de flor
Foi o castigo do céu
Pro erro que praticou
Chorando, arrependido
De pranto a filha banhou
As asas da garça branca
Junto ao caixão colocou
Aquele anjinho inocente
Nas asas pro céu levou
O pedido de perdão
Para o seu pai pecador
Lá dentro do campo santo
Quando seu corpo baixou
Uma cena comovente
O povo presenciou
Aquele anjo inocente
Do túmulo se levantou
Com as asas da garça branca
Lá para o céu voou