Velho monjolo, lá no brejo está parado, hoje vem empacotado a farinha e o fubá
Seu negro vulto, nas noites relampeando, qual uma cruz assustando, todos que passam por lá
Em seu lugar chegaram os grandes moinhos, e o bater do monjolinho também teve seu final
Na queda d’água, de sua bica de madeira, foi nossa voz pioneira, do Brasil Colonial.
Um galho seco, hoje prende seu pescoço, pra que nunca mais no cocho, você volte a martelar
Também meu grito, trago preso na garganta, porque sei que não adianta esta ânsia de voltar.
Em meus ouvidos ainda resta do passado, o seu bater compassado, no seu pilão de aroeira
Mas o progresso fez quebrar o seu pilão e silenciou no sertão, sua batida derradeira
Também no peito, o meu longo rio de mágoa, em meu coração deságua, para fazer martelar
Mas o monjolo, do cansaço de meus anos, no pilão dos desenganos minha vida quer parar