Esteio de aroeira corroído pelos anos
o vendaval do tempo até hoje tu resiste
quem hoje vê teu vulto no sertão abandonado
não sabe que encerras uma história longa e triste
meu pai que te plantou na terra dura lá da mata
tu foste a cumieira de teu rancho pequenino
só o vento frio da noite e o cantar dos curiangos
ficaram acompanhando a solidão do teu destino
Esteio de aroeira também tenho a tua idade
meu pai te construiu para que fosses meu abrigo
o tempo foi passando e só depois de muitos anos
pela primeira vez te encontrei, esteio amigo
meu pai que também era o esteio firme da família
há muito tempo atrás longe daqui tombou sem vida
só tu me esperou esteio velho de aroeira
para me conhecer e ouvir a minha despedida.
Esteio de aroeira quantas verdes esperanças
Ficaram sepultadas no teu tronco no passado
ainda tu conservas o sinal de uma lembrança
marcada no teu tronco pelo corte do machado
nós que nascemos juntos esteio velho de aroeira
será quem vai primeiro ser tombado pela sorte
se és tu lá na floresta derrubado pelo tempo
ou eu por este mundo derrubado pela morte.