Numa noite de lua cheia passava numa véia aldeia, sertão inteiro dormia
era uma noite serena, no céu estrelas pequenas, tudo em silêncio se ouvia.
Mas de repente aparece uma voz de quem padece, de quem disfarça uma dor
em frente a um velho ranchinho, um caboclo ali sozinho recordava seu amor.
Eu parei pra ouvir quem era, o eco descia a serra pra aquelas matas sem fim
no braço de uma viola que a dor de um peito consola o caboclo cantava assim:
Lua cheia lá do céu vem matar minha paixão
de um coração que padece que nunca encontrou perdão
onde foi aquela ingrata que feriu meu coração?
sou um caboclo abandonado perdido neste sertão.
Quando esse caboclo escutei pro caboclo perguntei: quem foi que te abandonou?
o que faz neste deserto? ele chamou-me pra perto e sua triste vida contou:
Um tempo já fui feliz, tive carinho e amor
vivia numa cidade sem nunca pensar na dor
eu amava uma cabocla que eterno amor me jurou
quando menos eu esperava essa ingrata me deixou.
Retirei-me pras florestas pra nunca mais vortá lá
não quero luz nem abrigo, quero somente pená
estas matas é minha cama, meu consolo é este luar
até que a morte se lembre de vir aqui me buscá.