(dialeto caipira - moda de viola)
composta em 26/11/1958
(José Fortuna/Sulino)
O Claudionor Branquinho
Tem um circo de rodeio
Também tem um burro preto
Que tem sete parmo e meio
Muitos peões de grande fama
No seu lombo já fez feio
Se o caboclo for teimoso
Se arrebenta nos arreio
Porque o burro quando pula
Até parece um bombardeio
Vou contá uma façanha
Que o burrão já praticou
Na cidade Igarapava
Quando o circo ali chegou
O famoso peão Petito
Foi quem primeiro montou
O circo estava lotado
Pra ver o peão de valor
Mas somente com três pulos
Na poeira ele rolou
Das bandas de Itirapina
Apareceu um domador
O famoso Nenê Lima
Peão que já se consagrou
O caboclo era tido
Como o rei dos montador
No lombo do burro preto
Foi quem mais pulo agüentou
Mas com a cabeça do arreio
Pelo ar ele voou
O grande peão Gumercindo
Em Limeira morador
Por derrotar o boi Palácio
Muita fama conquistou
Quando soube da notícia
Logo ele se apresentou
Na certeza de ganhar
Muito dinheiro apostou
Mas no lombo do burro preto
Sua fama se acabou
Das proezas do burrão
A que mais me admirou
Foi saber que o Zé Pretinho
A parada ele enjeitou
O Claudionor Branquinho
Vinte contos lhe ofertou
Zé Pretinho nos rodeios
Muitos prêmios já ganhou
Mas prevendo seu fracasso
A proposta não topou
A fama do tal soberbo
No Brasil se esparramou
Peão pra agüentar seus pulos
Até hoje não achou
O Claudionor Branquinho
Desse jeito ele falou:
pra montar e não cair
vinte mil cruzeiro eu dou
e quem quiser que apareça
que às ordens eu estou
BUZINA DE BOIADEIRO
moda de viola
(José Fortuna/Torrinha - grav. Torrinha e Pinheirinho)
Todo sertão estremece no gemer desta buzina
quando eu venho com a boiada daquelas bandas de Minas
com mais de duas mil cabeças Zebu e raça Turina
fazendo poeira na estrada avermelhando as campinas.
O seu choro até parece araponga quando trina
com o canto dos passarinhos o seu apito combina
eu faço tremer nas folhas gotas d’água cristalina
espanto dos ninhos as aves do campo e o gavião rapina.
Do sertão de Mato Grosso até Santa Catarina
todos conhecem de longe o gemer desta buzina
muitas léguas de distância quem ouve logo se inclina
arranca longo suspiro dos corações das meninas
Eu pouso beirando as águas da nascente de uma mina
olhando no céu bem longe as estrelas pequeninas
pensando nas longas estradas, estradas de minha sina
que só depois que eu morrer é que essa estrada termina.