Recortado composto em 1945
(dialeto caipira)
(Letra e música de José Fortuna)
Do tempo que eu fui pião tenho muito o que contá
eu já fiz muita aventura, não falo por me gabá
eu fui buscá uma boiada no chão de Minas Gerá
é uma viagem perigosa que agora lhe vou contá.
Mil e quinhentas cabeça retiremo da invernada
no meio de um carrasqueiro um boi caiu de arribada
firmei na iápa do laço, gritei com a Besta “Adorada”
com prazo de dois minutos juntei o boi na boiada.
Viajemo quinze dias cortando aquele sertão
na Vila de Guaranézia fui fazer a embarcação
minha boiada estorô na chegada da estação
nesta hora perigosa quis mostrar que era pião.
Joguei a Besta por cima e o laço na mão levei
no meio de um poeirão, muitos ainda lacei
o que não pegava a laço, à mão e à unha peguei
arrisquei a minha vida mas a boiada eu sarvei.
Eu repiquei meu berrante prá avisar a peãozada
que a boiada que estorou já tava toda ajuntada
com prazo de poucas horas dei a boiada embarcada
o trem apitou e partiu, despedi da mineirada.
Vou contar a mais difícil, a aventura derradeira
na anca da minha besta carreguei uma mineira
hoje no meu véio rancho ela é minha companheira
é a lembrança que ficou, do tempo de boiadeiro.