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A Justiça da Cruz

José Fortuna

Um boiadeiro sem alma todas as cruzes que achava
na beirada das estradas com desprezo ele arrancava
Se encontrasse vela acesa sorrindo ele apagava
jogava o cavalo em cima, com a cruz estraçalhava


Uma noite numa estrada uma cruz ele encontrou
quando ele foi arrancá-la e o braço da cruz pegou,
era o braço de um homem que do chão se levantou
e o vulto dentro da noite em sua frente ficou.


O vulto falou.: “meu filho, não pratiques isso mais
você tentou arrancar a cruz de seu próprio pai,
porque aqui eu morri há muitos anos atrás,
na palma da sua mão meu nome gravado vai.


O boiadeiro com o susto caiu no chão desmaiado
quando acordou no outro dia pensou que tinha sonhado
mas chorou arrependido quando ele viu confirmado
com sangue na sua mão o nome do pai gravado.


E aquele boiadeiro que não tinha religião
desse dia em diante passou a ter opinião
para a alma do seu pai ele faz sua oração
e se encontra uma cruz, rezando pede perdão.






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