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No Interior Dos Galpões

Joca Martins

Na hora que o sol apeia do lombo largo da pampa
Um poncho negro desaba e o dia muda de estampa

Pelos galpões das fazendas voltam à cena os tições

Formando a roda de mate, confessionário de peões
Do escuro brotam guitarras tropeando notas inquietas

Algum milagre acontece e campeiros viram poetas
Vão despontando pajadas e trovas de rimas tortas
Num ofertório de vidas até pras milongas mortas
As vozes rudes se erguem ponteando o canto dos galos

E as labaredas se agrandam como montando em cavalos

Quem tem raiz nos arreios floresce em lombo de xucros

A casco planta sementes das quais jamais colhe lucros

E o pasto nas invernadas vive seus dias contados
Em vez de vaca com cria vai ter tratores e arados
Por esses peões em vigília junto do angico que arde

Que o universo sangrando põe luto nos fins de tarde.

Composição: Frutuoso Araújo / José Carlos Batista de Deus





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