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De Fronteira E Chamamé

Joca Martins

Quando a alma de fronteira
morde o freio e longe vai,

o silêncio se emociona, transformado em sapucay!
O meu baio troca orelhas e parece que prevê
que o instinto me convoca pra bailar um chamamé!

Troco o flete pelo barco...
O Uruguai se faz pequeno
pra saudade que eu abraço

quando abro estes dois remos!
O meu peito tem remansos, camalotes, cachoeiras...

E nas cheias lava as mágoas
aumentando as corredeiras!
A bailanta é de campanha, não tem luxo no lugar,

mas tem uma correntina que acorrenta o meu olhar!
Traz nos olhos dois candeeiros
que não cansam de luzir

e a magia da Lunita que ilumina Taragüí!
Só quem mora na fronteira sabe
o antes e o depois de quem tem um só destino
mas divide ele por dois...

Pois quem ama na Argentina
mas trabalha no Brasil
traz a alma canoeira recortada pelo rio!

Um cambicho desconhece as
fronteiras e a Distância,
não importa se o sujeito é

doutor ou peão de estância!
Chega manso e nos envolve,
mesmo sem dizer porque

e é por isso que eu me encharco
de fronteira e chamamé!

Composição: Luciano Sampaio Maia/Rodrigo Nolibos Bauer





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