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Virou Linguiça

João Luiz Corrêa

Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça
Levou-se a breca a vergonha e se acadelou a justiça
Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça
O velho fio de bigode hoje é uma barba postiça

Na minha terra: Malandragem, golpe baixo
O famoso Cambalacho, há quem chame de linguiça
O Sal esconde alguma coisa no tempero
Mas eu sinto aquele cheiro inconfundível de carniça
Um Sete Um, o Caixa dois, a safadeza
Lembra o nervo e a impureza que vão dentro da linguiça

Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça
Levou-se a breca a vergonha e se acadelou a justiça
Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça
O velho fio de bigode hoje é uma barba postiça

Quem cobra a doma e entrega um flete aporreado
Faz igual ao deputado que não vota por preguiça
Quem vende um laço ramalhado e com defeito
Não é melhor que o prefeito que desvia e desperdiça
Quem fura a fila não é nada diferente
Do político influente que ata a ponta da linguiça

Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça
Levou-se a breca a vergonha e se acadelou a justiça
Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça
O velho fio de bigode hoje é uma barba postiça

E o bolicheiro que se escora na balança
Fala em ética, esperança, em princípios e premissas
Faz propaganda do que vende olhando teso
E com o dedo rouba peso no granel e na hortaliça
Esse país que é tão gigante, meu parceiro
Hoje em dia, cabe inteiro numa volta de linguiça

Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça
Levou-se a breca a vergonha e se acadelou a justiça
Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça
O velho fio de bigode hoje é uma barba postiça

Composição: João Luiz Corrêa / Juliano Borges / Paulinho Silva





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