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Revoadas

João Chagas Leite

Quando a manhã nasce no fundo de minh’alma
E o urutau grita que o dia vai chegar
Uma cantiga nas ramagens do arvoredo
Ensaia coros no cantar dos sabiás
As revoadas inquietas dessas aves
Misto de canto e o bater de suas asas
Trazem reprises comoventes de soldados
Que vão pra guerra e nunca mais volta pra casa

Há se entendesse o cantar do João barreiro
E a seriema que cantava no verão
As andorinhas que revoavam nessas tardes
Só resta uma que guardei no coração

O amanhecer ganha esses sons do passado
Tal qual a trilha de um coral em cantoria
Como se fosse a natureza em sua ronda
Para guardar as emoções de novo dia
Se não se esquece de tanta dor de uma saudade
De quem se foi é só ficou no coração
Os passarinhos sempre cantam a procura
Das companheiras que caíram no alçapão.






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