Me conhecem por bom guitarreiro
Desde Lavras até a encruzilhada
Tenho fama e um violão tonante
Que do som tem a tampa empenada
Pego há tempo lá fora uns potro
Numa estância pra lá dos Engenho
Volta e meia me largo pro povo
Num florão de gateado que tenho
Toco uns bailes nos fim de semana
Quando prendem o grito pra nós
Largo eu num violão dedilhado
E o Maneco na gaita e na voz
Dá de fato uns bailes bem Bueno
Onde as moças se enfeitam pra ir
E a peonada que vem de bem longe
Gasta plata pra se adevertir
Dia desses num baile andei
Conheci uma morena trigueira
Eu toquei uma vaneira pra ela
E de longe me olhava faceira
Quando foi Lá no meio do baile
E um guri não froxava a morena
Eu falei pro Maneco da gaita
Para o baile, e declama um poema
"Quando eu vim da minha terra, muita guria chorou
As que não vieram de atrás, foi porque o pai não deixou
Meu mouro pelou a anca,esse fato me preocupa
De tanto levar prenda linda, bem sentada na garupa
Quando eu abro minha gaita, toco baile a noite inteira
Sou quase um Nelson Cardoso , com um Gaúcho da Fronteira"
Foi por nada um Santo remédio
E a morena sentou bem ligeiro
Eu desci já dizendo pra ela
Na outra marca sou eu o primeiro
E o Maneco depois do poema
Abriu bem a cordeona e o peito
E tocou umas milongas do Gildo
Que apertei a morena com jeito
Coisa linda era nós dois na sala
Num trancão pra durar toda vida
Eu falei pra morena, me espera
Que esse baile termina em seguida
Mas foi só eu voltar pro violão
E tiraram a morena pra dança
Era polca, valsinha e vaneira
E eu aos poucos perdendo a esperança
Cosa braba é tocar um baile inteiro
Sem campear um namoro que seja
Quando um toca, um alguém se adeverte
Sobra pouco pra quem mais forceja
Mas então o que é bom se termina
E a morena eu bem vi foi embora
Foi comigo num pingo gateado
Pra escutar minhas vaneira lá fora