Com a palha bem sovada
E de faca bem afiada
Pois então piquei um fumo,
Misturei a figueirilha
E findando esta encilha
Um palheiro fiz a prumo.
Quando o índio sai do catre
É parceiro para o mate
Neste rito galponeiro
Muito embora sendo vício
É comparsa deste ofício
De um gaúcho, peão campeiro.
Meu palheiro pede vaza
Quando acendo pela brasa
No tição da corunilha
Num bailado então por graça
Ganha formas a fumaça
Numa nuvem andarilha.
E não mais que de vereda
Contemplando a labareda
Sinto a pua nesta hora
Sem mostrar sua bondade
Vem cortando uma saudade
Pelo dente da espora.
O palheiro vai queimando
E a saudade vai chairando
Dentro d'alma do peão
Então a cada tragada
Que se alonga a madrugada
Amargando o chimarrão.
Com palheiro entre os dedos
Eu indago meus segredos
Na fumaça que se espalha
E pras baldas que são minhas
Puxo a faca da bainha
Pra sovar a outra palha.