Falta teu vulto, no galpão escuro
revirando as cinzas, pra acordar as brazas
E o teu entorno, de matear ciente
apojando o amargo, pelas madrugadas
Falta teu jeito de sair pro campo
quando alçava a perna no rosilho mouro
Já não se escuta mais teu assobio
carinho altivo de chamá os cachorros
Faltam conselhos que forjaram homens
que prendaram moças pela vida afora
Indicando rumos, demarcando trilhas
E abençoando aqueles, que se vão embora
Ficaram trastes a lembrar de ti
num memorial de infinita riqueza
/:E quando o sino da cozinha chama,
está vazio o teu lugar na mesa:
Sobre uma cruz, aliado em cerne antigo
dorme um gaúcho, de bonbacha e tudo
Que um certo dia, emanou-se o sonho
e se ouvi dor, num atelhaco mudo
E é nessa cruz que te visito assim
chapéu na mão e meu olhar de vil
e numa prece que nem cabe em mim
falo baixinho com quem já partiu