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Muleta de Arueira

Jacó e Jacozinho

Não suportando mais o peso da idade
Um pobre velho já cansado de sofrer
Chamou seu filho e com lágrima nos olhos
Disse pra ele, muito em breve eu vou morrer
Deus me chama, vou partir pra eternidade
Está chegando a minha hora derradeira
Filho querido, por lembrança de seu pai
Vou lhe deixar esta muleta de aroeira.

Porém o moço todo cheio de ironia
Disse ao velhinho com o gesto de homem mal
Já que o senhor não vai deixar nenhum dinheiro
Pra que me serve este pedaço de pau
Pois eu sou moço e preciso de riqueza
Para a vaidade das mulheres sustentar
E o senhor pode morrer bem sossegado
Sua muleta ninguém mais vai ocupar.

Um certo dia o castigo do destino
Sem esperar aquele moço recebeu
Num acidente de automóvel na estrada
Uma das pernas para sempre ele perdeu
Os seus amigos e as mulheres lhe deixaram
Sua vaidade para sempre se acabou
Por mãos de outros teve que voltar ainda
Pra mesma casa que um dia desprezou.

Chegando em casa descobriu que o velhinho
A este mundo já não pertencia mais
Chorou de dor vendo a casa abandonada
Sentiu remorso do que fez ao pobre pai
Hoje ele vive se arrastando pelas ruas
De porta em porta implorando a caridade
E a muleta que o velho pai deixou
É quem ajuda caminhar pela cidade.

Composição: Léo Canhoto/jacó





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