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Cantiga Dos Tempos

Iedo Silva

Não vejo mais boi de canga, não vejo mais changuedor
Não vejo mais o tropeiro estalando o arreador
Tudo pertence ao passado na mente do cantador

Era, era, era boi; era, boi, era boiada
E os gritos foram subindo com a poeira da estrada

Lembrando de antigamente nos tempos que já passaram
Só se encontra nas estradas tropeiros que já tropearam
Só se vê os carreteiros que os bois de canga largaram

Chegaram falando macio sem sotaque, nem estampa,
Com a força d gigantes entreveraram cascos e guampas
Carreteiro sem guiada dando um silencio nos pampas

Devemos tudo ao progresso, tudo o progresso matou
No lugar de uma carreta um caminhão carregou
E no lugar do tropeiro um motorista ficou

Esta revolta que grita aqui dentro do meu eu
Boi, carreta, carreteiro virou peça de museu
E eu grito e bato no peito que a tradição não morreu.

Composição: Iedo Cruz da Silva/Joao Fortunato Nunes Reis





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