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Biografia de Idle

IdleWild (UK) - Rock Alternativo

Faça você mesmo. O famoso e difundido lema do hoje tão gasto e mal-tratado punk rock (ligue a MTV e entenda por que) cai como uma luva para o Idlewild. É o tipo de banda que faz o som que lhe convir, não se importando com as tendências e hypes do momendo, seguindo apenas seus próprios ouvidos. Se equilibrando com maestria entre o punk cru de seus primeiros dias e as canções pops emocionadas que deram o ar de sua graça em The Remote Part, a banda consegue soar única utilizando elementos e influências comuns a muitos artistas contemporâneos.

A grande razão para esse feito é o talento dos 4 rapazes (que, mais recentemente, se tornaram 5), especialistas em compor grandes canções usando letras e estruturas simples (o que nunca significa simplórias ou medíocres), muito peso, muita distorção e muita melodia. Isso soa, de certa forma, como o punk dos anos 70 ou com o grunge, mas esse é apenas um dos lados do Idlewild. Além do peso de Nirvana, Sonic Youth, Black Flag, Ramones e Buzzcocks, sobram também canções apaixonadas, cheias de emoção e beleza, assim como fazem outros de seus ídolos, Bob Dylan, REM, Big Star, Teenage Fanclub, por exemplo. Esses dois lados, que muitas vezes parecem ser tão opostos, acabam se unindo em uma coisa só nas músicas desses escoceses, e aí está a característica mais fascinante dessa banda.

A história da banda começa em dezembro de 1995, em uma festa na cidade de Edimburgo, na Escócia. Roddy Woomble, Rod Jones, Colin Newton e Phil Scanlon se conhecem na festa, e descobrem serem fãs das mesmas bandas, entre elas Sonic Youth, Blag Flag e The Stooges, além de partilharem outros interesses em comum. Como bons fãs de música, decidem formar sua própria banda, o Idlewild. O nome foi retirado de um local descrito no livro "Anne Of Green Gables", o favorito de Woomble.

Em pouco mais de um mês, a banda faz seu primeiro show, no dia 16 de janeiro de 96. Os quatro rapazes passam esses 5 meses ensaiando, compondo e fazendo shows, o que gerou um repertório de mais de 20 músicas. Em maio, a banda grava sua primeira demo, com 3 músicas: House Alone, Paranoid e Suicide. A partir desse momento, a banda passa a fazer shows por toda Escócia, incluindo Glasgow, maior centro cultural escocês, mas apesar de receber atenção por lá, é em sua cidade natal, Edimburgo, onde a banda começa a ser divulgada,. Jamie Watson, produtor e agitador cultural da cidade, convida a banda para gravar em seu estúdio, o Chamber Studios, em outubro do mesmo ano.

Estava gravado o que seria o primeiro single da banda, Queen Of The Troubled Teens. Nessa época, o som da banda estava muito próximo do punk e do hardcore, com seus acordes simples, rápidos e enérgicos. O hype em Edimburgo crescia, e Watson indica a banda para o selo Human Condition, que havia lançado um trabalho do Eugenius, banda de Eugene Kelly (Vaselines), na mesma época. A gravadora estava sem muito dinheiro para financiar a impressão, e Roddy e Colin pegam seus empréstimos estudantis para contribuir com o lançamento.

Em fevereiro de 97, a banda perde Phil Scanlon, que deixa a banda para concentrar em seus estudos. Segundo a banda, atualmente ele é um engenheiro químico bem sucedido e vive em Detroit. Para substituí-lo, é chamado Bob Fairfoul, amigo de Roddy e admirador da banda. Em março, é lançado Queen Of The Troubled Teens.

O resultado do lançamento acabou sendo satisfatório para um primeiro single. A música chegou às rádios locais e nacionais, sendo muito elogiada e tocada no programa de Steve Lamacq, o Radio 1 Evening Sessions. No verão de 97, a banda faz seu primeiro show em Londres, chamando a atenção da NME e da Melody Maker, famosas revistas inglesas de música, e também dos selos Fierce Panda, famoso por lançar os singles de estréia de bandas como Placebo e Mansun, e Deceptive Records, casa do Elastica. A banda chega a abrir shows do The Fall e do Superchunk.

Os dois selos fazem suas propostas, e a banda decide gravar, ao mesmo tempo, o single de Chandelier (Fierce Panda) e o EP Captain (Deceptive Records). O primeiro a ser lançado é Chandelier, uma música com forte influência punk e hardcore, enérgica e crua, ainda mais do que em Queen Of The Trouble Teens.

Mas é Captain que acaba atraindo a maior atenção do público, da mídia e das majors. A evolução sonora é notável, graças à intervenção do produtor Paul Tipler. Climas soturnos, tensos e minimalistas se fundiram com o punk rock básico dos primeiros singles, criando pérolas como Satan Polaroid e You Just Have To Be What You Are. Antes mesmo do lançamento, a Food Records, subsidiária da EMI, oferece à banda um contrato. A banda aceita e os quatro largam seus empregos para se dedicarem somente à música.

Captain é lançado em 18 de janeiro de 98, sucedido pelo single de Satan Polaroid, lançado por obrigações contratuais com a Deceptive Records. Ambos recebem boas críticas na mídia inglesa.

Logo após os lançamentos, o Idlewild volta a se reunir com Paul Tipler para a gravação do primeiro disco da banda pela Food Records, Hope Is Important. A banda segue a mesma linha de Captain, misturando músicas genuinamente punks, como 4 People Do Good e Everyone Says You Are So Fragile, com canções tensas e repetitivas (no bom sentido da palavra), como Low Light e A Film For The Future. Mas o grande salto da banda foi a criação de canções genuinamente pops, como as excelentes When I Argue I See Shapes e Safe & Sound, se fundindo brilhantemente com o resto do trabalho da banda.

Em abril é lançado o primeiro single da banda por uma major, A Film For The Future. A banda segue fazendo shows, incluindo uma apresentação no tradicional Reading Festival, e, nos intervalos, gravando o que ainda faltava de Hope Is Important. O número de fãs começa a crescer rapidamente, e mais um single é lançado: Everyone Says You're So Fragile, que recebe o prêmio de single da semana, da NME.

Em outubro do mesmo ano, é finalmente lançada a estréia da banda, Hope Is Important, uma semana após o lançamento do terceiro single retirado desse álbum, I'm A Message. Tanto o single quanto o disco alcançam boas vendagens e críticas na Inglaterra, e a banda acaba sendo capa de uma edição da Melody Maker, revista que chegou a considera-los "a melhor coisa desde Smells Like Teen Spirit". A banda continua na estrada, e faz uma turnê no Reino Unido com o Ash, e se apresenta pela primeira vez nos Estados Unidos e no Japão.

O início do ano seguinte reservava surpresas ainda melhores para a banda. A banda participa da NME tour, junto com Manic Street Preachers e Placebo, ambos no auge de sua popularidade, e em fevereiro, a banda entra pela primeira vez no Top 20 inglês, com o excelente single de When I Argue I See Shapes.

Mas eles já começavam a pensar na continuidade de seu trabalho, um pouco receosos de serem "one hit wonders". Outro motivo era a preocupação com como seu trabalho estava sendo visto: muitos acreditavam que eles eram apenas uma promoção de seus shows, uma vez que a banda era considerada por muitos a melhor banda ao vivo das ilhas da rainha. Por isso, decidem fazer um disco mais trabalhado do que o anterior, e chamam o produtor Bob Weston para começar os trabalhos do que viria a ser 100 Broken Windows. 6 músicas são gravadas em Londres, mas a banda não decide se era esse o caminho certo a ser seguido, e fazem uma pequena pausa, voltando a fazer alguns shows em festivais europeus.

A banda, então, volta aos estúdios, dessa vez na Escócia e com outro produtor: Dave Eringa. Dessa vez, a banda fica plenamente satisfeita com o trabalho, e já nas primeiras sessões são gravadas as faixas Roseability e Little Discourage. A última é lançada como single em setembro, surpreendendo tanto a crítica quanto o público por ser uma música muito mais acessível e, ao mesmo tempo, enérgica e empolgante do que as que a banda havia lançado antes. O sucesso é imediato: a música é tocada exaustivamente nas rádios e o número de fãs aumenta drasticamente. Eles, então, aproveitam o sucesso e caem na estrada, fazendo mais uma tour britânica.

No final do ano, a banda vai aos Estados Unidos e grava mais 3 músicas com Bob Weston, e alguns shows são feitos para promover o lançamento de Hope Is Important em solo americano, com um ano de atraso. Ainda em 99, a banda volta à Escócia para a mixagem do álbum no CaVa Studios, de volta com Dave Eringa.

Em abril de 2000 é lançado 100 Broken Windows, uma semana após o lançamento de Actually It's Darkness, segundo single retirado desse álbum. O Idlewild consegue alcançar seu objetivo principal com o disco, indo muito além de uma mera extensão de seu show, com arranjos detalhistas e densas camadas de guitarra, visíveis em praticamente todas as faixas, principalmente em Actually It's Darkness e These Wooden Ideas. Mas se as guitarras acentuaram o peso da banda, as melodias ficaram mais suaves e acessíveis, fazendo um excelente contraponto. Não à toa, o disco é considerado pela grande maioria dos fãs e também pela mídia seu melhor trabalho.

Os arranjos levam a banda a procurar um segundo guitarrista, uma vez que seria difícil reproduzir o álbum com apenas uma guitarra, levando em conta que Roddy Woomble não sabe tocar. Jeremy Mills, companheiro de apartamento de Roddy, assume essa segunda guitarra nos shows.

O disco vende muito bem, atingindo a décima quinta posição nas paradas britânicas, chegando ao status de disco de prata no Reino Unido. Outro feito foi a primeira aparição no Top Of The Pops, tradiconal programa da BBC, logo após o lançamento de Actually It's Darkness. A façanha foi repetida após o lançamento de These Wooden Ideas, terceiro single do disco. O sucesso de 100 Broken Windows levou a banda a uma grande turnê pela Europa, ao lado do Muse, seguida de uma turnê britânica ao lado das bandas Hundred Reasons e Turn. No final do ano a banda volta a tocar com o Placebo, em uma outra turnê pela Europa.

Mas não era apenas na Europa que o Idlewild crescia. Apesar dos atrasos nos lançamentos, a banda começava fazer sucesso também nos EUA. Entre os novos fãs da banda, estava Lenny Kaye, guitarrista da banda de Patti Smith, que se tornaria amigo da banda e participaria no álbum seguinte.

Em janeiro de 2001, a banda volta ao estúdio, com o produtor Stephen Street, famoso por trabalhar com bandas como Smiths e Suede. Mas a banda mal começou a gravar o disco quando esse sucesso americano forçou uma pausa nos trabalhos, sendo que apenas uma música gravada com Street foi incluída no disco, Tell Me Ten Words.

100 Broken Windows é lançado em solo americano exatamente um ano após ser lançado na Europa, e a banda faz uma grande turnê no país para divulga-lo, ao lado do Brassy, chegando a fazer uma aparição no famoso Late Show, de David Letterman. Entre maio e junho, a banda volta a tocar nos EUA, dessa vez ao lado do Placebo, mas sem o guitarrista Jeremy Mills, substituído por Allan Stewart. No final da turnê, ficam em Nova York, e Lenny Kaye auxilia a banda com os arranjos da faixa American English.

Mais uma turnê seria feita nos Estados Unidos, mas o guitarrista Rod Jones fica doente, e a banda volta para a Escócia, onde volta a trabalhar na composição do que seria The Remote Part, terceiro disco da banda. Eles passam o resto do ano em estúdio, de novo com Dave Eringa. Durante esse período, Roddy faz amizade com Edwin Morgan, poeta escocês de 82 anos, um de seus maiores ídolos. Essa amizade acaba proporcionando a entrada do poema "Scottish Fiction" em The Remote Part, recitado pelo próprio Morgan. A admiração inspira Roddy a incluir a frase "support your local poet" (ajude o poeta local) tanto no encarte do disco quanto no site oficial da banda.

Em abril de 2002, é lançado o primeiro single de The Remote Part, You Held The World In Your Arms. Essa faixa já indica as mudanças na sonoridade da banda, uma faixa cheia de peso, mas recheada de violinos, algo antes nunca ouvido nas músicas do Idlewild. A melodia estava, de certa forma, mais doce e delicada do que tudo o que eles haviam produzido até então. Essa mudança acaba dividindo os fãs: enquanto uns acharam a música maravilhosa, outros temiam que a banda estava "amaciando" o som para conseguir melhores vendagens. Se esse era o objetivo, a banda o atingiu: o single estréia na nona posição das paradas inglesas, o maior hit da banda até então.

Em junho é lançado o segundo single do disco, American English, faixa trabalhada por Lenny Kaye, e algumas semanas depois é lançado The Remote Part. O single acaba sendo uma unanimidade entre novos e velhos fãs da banda, uma faixa belíssima, distante do peso e da fúria da duplinha Hope Is Important/100 Broken Windows, com um arranjo baseado em cima de várias camadas de violões e guitarras sobre uma melodia magnífica. Já o disco acaba dividindo opiniões: enquanto alguns consideram-no uma obra-prima, outros afirmavam que a banda se aproximou demais das bandas "new-acoustic", como Travis e Coldplay, mexendo na essência de seu som para que fosse aceito pelo público. Ambos os lados tem sua razão: o disco, de fato, é excelente, mas foge ao som original do Idlewild em muitos momentos, como na criticada faixa I Never Wanted, que, apesar de ser uma excelente canção pop, lembra muito o som do Coldplay. Ainda assim, uma boa parte do disco exibe o vigor e o peso de 100 Broken Windows, como em A Modern Way Of Letting Go, Out Of Routine e (I Am) What I Am Not. O disco acaba superando de longe as vendas dos discos anteriores, estreando na terceira posição das paradas inglesas, e se torna disco de ouro, o primeiro da carreira dos garotos de Edimburgo.

O sucesso do disco leva ao lançamento de um terceiro single, a doce e delicada balada Live In A Hiding Place, e a uma grande turnê pela Europa, incluindo alguns shows com o Coldplay, que havia lançado A Rush Of Blood To The Head, seu multiplatinado segundo disco, na mesma época. Mas no dia 29 de setembro, a banda volta a ficar sem baixista. Bob Fairfoul deixa a banda após um show em Amsterdã. Não se sabe ao certo o motivo de sua saída; alguns atribuem ao stress das turnês, outros supõem que ele tenha sido expulso da banda por problemas com álcool e drogas. Atualmente ele está em Edimburgo, tocando guitarra na banda Degrassi. Para substituí-lo no resto da turnê, é chamado o roadie Alex Grant.

Gavin Fox, baixista irlandês e amigo de longa data da banda, é chamado para ser o novo baixista oficial da banda. Allan Stewart também é chamado para ser membro permanente da banda, fazendo a segunda guitarra. A banda hoje é oficialmente um quinteto.

Em janeiro de 2003 é lançado o quarto single de The Remote Part, a rápida e pesada faixa A Modern Way Of Letting Go. A banda faz uma turnê rápida pelo Reino Unido e Irlanda para apresentar aos fãs sua nova formação. A banda vem preparando desde então o sucessor de The Remote Part, ainda sem título e previsão de lançamento.

Ao que parece, a caravana não para, mesmo que alguns membros acabem ficando pelo caminho. Por mais que sejam criticados, continuam escrevendo grandes músicas, fazendo grandes discos e shows e mostrando estar em plena forma após longos e agitados 8 anos de carreira. Vida longa ao Idlewild, uma das melhores bandas do Reino Unido na atualidade!