Orgulho de ser negro
Sou negro sim
Sou negro e daí?
Sou negro
50 tons de preto
Moreno pardo mulato
Eu não sou negro
Eu não sou branco
Amarelado de cabelo enroladin
Os negros dizem que eu estrago a raça
As senhoras seguram a bolsas quando eu passo
As garotas brancas atravessam a rua com medo
Quando eu só queria elas pertin
Pra vadiar, dar uns beijin
Os seguranças do shopping me seguem
Quando vou com meus amigos dar um rolezin
Afinal quantas cores existem entre o branco e o preto?
Sou negro sim mas sou índio também
Minha vó era negra, minha mãe mulata
Meu pai, meu paim que eu só vi duas vezes
Depois que já era rapazin
Era filho de imigrante português
E agora qual é a minha cor? Qual é?
Só sei que sou gente igual vocês
São 50 tons de preto
O que importa é que sou verde esperança
Amarelo do ouro roubado do meu Brasil
Sou branco da paz
Sou preto dos negros exterminados
Dos pobres injustiçados
Sou moreno dos índios dizimados
Corre nas minhas veias o sangue pataxó
Na minha mente a escrita de Machado de Assis
Amulatando meus ais sem dó
Ai! Ai! Ai! Sem dó
Orgulho de ser negro
Sou negro sim
Sou negro e daí?
Sou negro
Da cor do ébano
Da noite escura, da cor do carvão
Mas o carvão pode ser transformar num diamante
Se for lapidado
Se for lapidado com arte
Se for lapidado com amor
Se for lapidado com arte
Se for lapidado com amor
Orgulho de ser negro
Sou negro sim
Sou negro e daí? Sou negro
Ouço ainda o chicote estalando no ar
Eu grito de dor enquanto ele lasca a minha pele
A risada do senhor do engenho ecoa pela fazenda
O capataz, ri do meu sangue, da minha pele rasgada
O chicote fere a minha alma sem piedade, pura maldade
Aos domingos, me levam pra missa
Me enfeitam com roupas bonitas
Pra esconder as minhas feridas
E me exibir como um quadro raro
Mostram que são mais ricos e poderosos
Pelas roupas dos escravos, pura vaidade
Bate uma saudade danada
Da minha terra Natal
Salve mãe África, África
Me capturaram me jogaram num porão
De um navio negreiro
Muitos morreram na longa viagem
Seus corpos eram jogados no mar
Vim parar no Brasil
Fui vendido como escravo
Há 400 anos tento me libertar
Os grilhões, as correntes são fortes
Estão enraizadas nos corações
E na alma do homem branco
Orgulho de ser negro
Sou negro sim
Sou negro e daí? Sou negro! Sou negro