Paulistas, para um só instante
Dos teus quatro séculos
Ante tua terra sem fronteiras
O teu São Paulo das bandeiras!
Deixa atrás o presente
Olha o passado à frente
Vem com Martim Afonso a São Vicente
Galga a Serra do Mar!
Além, lá no alto
Bartira sonha sossegadamente
Na sua rede virgem do Planalto
Espreita, ó, entre a folhagem de esmeralda
Beija-lhe a Cruz de estrela da Grinalda!
Agora, escuta!
Aí vem, moendo o cascalho
Botas de nove léguas, João Ramalho
Serra acima, dos baixos da restinga
Vem subindo a roupeta
De Nóbrega e de Anchieta!
Contempla os campos
De Piratininga!
Este é o colégio
Adiante está o sertão
Vai, segue a entrada!
Enfrenta, avança, investe!
Norte, Sul, Leste, Oeste!
Em bandeira ou monção
Doma os índios bravios
Rompe a selva, abre minas, vara rios!
No leito da jazida
Acorda a pedraria adormecida
Retorce os braços rijos
E tira o ouro dos seus esconderijos!
Bateia, escorre a ganga
Lavra, planta, povoa!
Depois volta à garoa!
E adivinha, atrás dessa cortina
Na tardinha, enfeitada de miçanga
A Sagrada Colina
Ao Grito do Ipiranga!
Entreabre agora os véus
Do cafezal, Senhor dos Horizontes!
Verás fluir por plainos, vales, montes
Usinas, gares, silos, arranha-céus!