HERVÊ CORDOVIL compositor, pianista e regente é autor de diversas músicas inesquecíveis. Nascido em Viçosa (MG) (1914-1979), filho de um médico e de uma musicista amadora, cedo se mudou para o Rio de Janeiro, onde começou a tocar na banda do Colégio Militar e a estudar piano.
Formou-se em Direito e ao mesmo tempo começou a chamar atenção como pianista, na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e na orquestra de Romeu Silva. Logo era um dos pianistas mais solicitados da cidade, ao lado de Carolina Cardoso de Menezes, Custódio de Mesquita e Romualdo Peixoto, o Nonô.
Como compositor, teve parcerias com Bonfiglio de Oliveira "Carolina", gravada por Carlos Galhardo), Noel Rosa ("Triste Cuíca", cantada por Aracy de Almeida, "Não Resta a Menor Dúvida", do filme "Alô Alô Carnaval"), Lamartine Babo ("Seu Abóbora", gravada por Carmen Miranda, "Madame do Barril"), Adoniran Barbosa ("Prova de Carinho") e Luiz Gonzaga (""A Vida do Viajante", "Baião da Garoa", "Xaxado").
Mais tarde mudou-se para Belo Horizonte onde compôs a toada "Pé de Manacá" em parceria com Marisa Pinto Coelho, que foi gravada por Isaura Garcia e se tornou sucesso internacional.
Na década de 40 radicou-se em São Paulo, onde trabalhou por 26 anos na Rádio Record como pianista, arranjador e compositor. Teve muitos sucessos interpretados por Carmélia Alves, como "Me Leva",
"Sabiá Lá na Gaiola" e "Cabeça Inchada".
Seu filho Ronnie Cord fez sucesso durante a Jovem Guarda com uma composição do pai, o twist "Rua Augusta".
Também é de sua autoria a versão brasileira de "Biquíni de Bolinha Amarelinha" ("Itsy-Bitsy Teeny-Weeny Yellow Polka-Dot Bikini") Eclético, Hervé também compôs o samba-canção pré-bossa nova "Uma Loira", sucesso na voz de Dick Farney em 1951.
Em 1997 saiu o livro "Hervé Cordovil — Um Gênio da Música Popular Brasileira", de Maria do Carmo Passiago (Editora João Scortecci)
No programa Ensaio, da TV Cultura (SP), que Hervê participou e que agora virou CD (A MÚSICA BRASILEIRA DESTE SÉCULO POR SEUS AUTORES E INTÉRPRETES - HERVÊ CORDOVIL (SESC/SP), Hervê canta e conta aspectos curiosos de sua bela carreira e dos ícones da MPB que cruzaram seu caminho, como Carlos Galhardo (que estreou cantando uma canção sua, Carolina), Carmen Miranda ("Foi a primeira cantora a aparecer com um jeito diferente"), Francisco Alves (de quem foi pianista e com quem, a certa altura, brigou), Aracy de Almeida, Silvio Caldas, Isaura Garcia, Lamartine Babo (de quem Hervê foi parceiro e a quem considerava "superinteligente, lírico, humorista, de uma musicalidade impressionante").
Noel Rosa e a Rainha do Baião, Carmélia Alves - a quem Hervé se diz agradecido por ter lançado e cantado, no correr de sua carreira, tantas de suas músicas.
Quais? Me Leva, Sabiá Lá na Gaiola, Pé de Manacá, Esta Noite Serenou, Baião da Garoa (recentemente regravada por Gil & Milton), Cabeça Inchada (que já foi gravada até em chinês e turco) e tantas outras.
O compositor relembra ainda outras de suas canções, como a graciosa "Inconstitucionalissimamente", lançada por La Miranda e o samba-canção "Uma Loira", lançado por Dick Farney.
"Essa música quase deu galho. Imagina um cara casado como eu fazer uma música, dizendo: 'Todos nós temos na vida, um caso, uma loira, pois eu tive também'", diverte-se Hervê.
Ele conta ainda como foi parar na Banda do Colégio Militar, do Rio, onde começou a tocar dobrados e depois jazz, como foi a evolução de seu sucesso e fala sobre o processo que recebeu por ter supostamente plagiado um fox americano.
Na verdade, sua composição "Samba" havia sido feita três anos antes do tal fox. Mesmo assim, desfeito o malentendido, apenas enviou uma carta explicando por que não processaria o compositor americano: "Aqui no Brasil fazemos dez canções dessas por dia. Pode ficar com a sua música!".
Hervê também explica que a polícia (censura) de sua época freava muito sua criatividade e, numa de suas músicas, ao invés de "o gostoso da Zizica", tinha que escrever "o querido da Zizica".
E pensar que hoje o funk/rap carioca pode falar e 'coreografar' o que quiser. Outros tempos...
Hervê tem um repertório de prosas e canções tão vasto que nem deu tempo de ele cantar seu antológico rock "Rua Augusta", que celebrizou seu filho Ronnie Cord...