Conta-se que, um dia, entregou à empresária Maria Amorim (que estava decidida a se atirar do oitavo andar de um prédio, por conta de suas dívidas) os oito contos de réis que ganhou num concurso internacional de música.
Aos 50 anos, foi viver tranqüilamente em uma casa adquirida na Rua Engenhoca 151, na Ilha do Governador. Passou bom tempo nadando e pescando com o barco batizado de "Peru". Mesmo depois de seu retorno à vida musical, buscava o refúgio do mar, sempre que podia.
Em maio de 1944, foi internado no Hospital do Pronto Socorro, na Praça da República, a fim de ser operado de uma úlcera intestinal. Uma complicação obrigou os médicos a submetê-lo a uma segunda intervenção cirúrgica. Embora em estado grave, duas horas antes de falecer, ainda demonstrava seu bom-humor, segundo episódio contado por Hélio Tys em "Talento de Vogeler - compositor carioca" (artigo publicado em "O Dia", Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1964, caderno D, p. 1).
No artigo, Tys nos conta que na tarde em que o compositor faleceu, uma banda podia ser ouvida de seu quarto, executando, à entrada do Superior Tribunal Militar, um dobrado. A enfermeira perguntou-lhe: "Incomoda-o, maestro, esta música?" "Não, ele respondeu, ao contrário. O que me irrita é a falta de ouvido do regente. Repare como estão desafinados os instrumentos".
Segundo Tys, antes de falecer o compositor sussurrou no ouvido de um sobrinho a frase: "La comedia è finita". O compositor faleceu no dia 9 de maio de 1944, aos 56 anos de idade. Foi sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju. Villa-Lobos compareceu. Na hora em que o caixão desceu à sepultura, o maestro, chorando, exclamou: "Perdi meu braço direito!".
Henrique Vogeler, compositor, instrumentista e regente, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 11/6/1888 e faleceu em 9/5/1944.Nascido no bairro do Catumbi, de pai alemão e mãe brasileira, iniciou-se no piano com pouco mais de cinco anos, assistindo às aulas de...