Hellhammer é uma banda de black metal/death metal da Suíça.
Hellhammer é uma das bandas que fazem parte das fundações do black/thrash metal. Influenciado por Venom e mais tarde influenciaram toda uma geração de novas bandas de metal nos anos 80. Mais tarde viriam a afirmar-se sob o nome CELTIC FROST.
O Hellhammer foi formado na Suíça, em 1982, pelo guitarrista e vocalista Thomas Gabriel (que, na época, atendia pelo pseudônimo de Tom Warrior). A formação durante essa época modificou-se inúmeras vezes, mas sempre com Gabriel à frente. Influenciados por bandas como Venom, Angel Witch e Cirith Ungol. No mesmo ano e no seguinte, o grupo gravou duas demos, “Death Fiend” e “Triumph Of Death”. O material contido nessas duas fitas era, por um lado, primitivo e simplesmente antimusical (os próprios integrantes admitiam na época não saber tocar seus instrumentos), mas, por outro, totalmente de vanguarda, inédito, nunca feito antes. Era heavy metal, mas com uma energia e simplicidade musical que o aproximava do punk, a agressividade não encontrava paralelos no cenário musical de então - os riffs sujos e graves, a voz gutural e a cozinha rápida eram a chave - e a imagem sombria do grupo contribuía para completar o mito: estava surgindo ali dois gêneros musicais, o thrash metal (que mais tarde teria seus contornos definidos) e o black metal (embora esse nome só seria dado ao estilo com o lançamento do clássico disco homônimo do Venom, de 1982).
O Hellhammer se tornou uma unanimidade no underground metálico e Warrior uma verdadeira lenda - apesar das constantes acusações (sempre assumidas por eles, lembremos) de incapacidade musical. Em 1983, a formação se estabilizou com Gabriel nos vocais e guitarra, Martin E. Ain no baixo e Bruce Day na bateria. Este trio lançou mais uma demo, “Satanic Rites”, e, finalmente, em 1984, o clássico EP “Apocalyptic Raids”, uma das gravações mais importantes do heavy metal nos anos 80. Embora mal produzido, mal tocado (alguns erros de execução são evidentes na gravação), curto (só quatro faixas) e dificílimo de ser encontrado (originalmente, era uma produção independente), o disco foi imediatamente elevado à categoria de obra-prima pelos cultuadores do grotesco quarteto. As quatro canções do EP, “The Third Of Storms (Evoked Damnation)”, “Massacra” (um hino), “Triumph Of Death” e “Horus/Agressor” são, até hoje, vistas como quatro pérolas do estilo e qualquer fã real de black metal as conhece de cor e salteado.
Pouco após o lançamento de “Apocalyptic Raids”, Stephen Priestly entrou no lugar de Bruce Day. Contudo, as habilidades musicais do trio começaram a se expandir e a limitação do material do Hellhammer já não mais coincidia com seus objetivos. Por isso, ainda em 84, os três acabam com o conjunto e formam o Celtic Frost, com a mesma formação (por isso muitos encaram ambas as bandas como sendo uma única).
Os dois primeiros produtos fonográficos do Celtic Frost, os EPs “Morbid Tales” e “Emperor’s Return”, traziam a mesma proposta básica do Hellhammer, mas muito mais evoluída e musicalmente relevante. Os fãs mais radicais do Hellhammer não aceitaram aquela mudança, mas foram minoria. O Celtic não demorou muito a atrair uma legião de seguidores e, em 1985, o álbum “To Mega Therion” saiu e tornou-se mais uma obra-prima de Gabriel, Ain e Priestly. Ainda sombrio, direto, cru e extremo, o disco era bem tocado, bem produzido, original, trazia idéias novas e, acima de tudo, mostrava que o black/thrash metal praticado por eles não precisava ser, necessariamente, tosco.
No ano seguinte, teve início o que, para muitos, foi a decadência do Celtic Frost. O LP deste ano, “Into The Pandemonium”, apresentou uma série de inovações nunca vistas no death metal. Agora, violinos, metais, letras em francês, sonoridades de hip hop e outras virtudes bizarras juntavam-se ao peso das guitarras e à agressividade da seção rítmica. O Celtic Frost provava ser corajoso o suficiente para experimentar, mas os fãs (ao contrário da crítica) começou a chamá-los de decadentes e traidores.
Mas foi em 1988 que tudo foi por água abaixo. Ain deixou o conjunto e foram adicionados a ele Oliver Amberg (guitarras) e Curt Victor Bryant (baixo). O agora quarteto assumiu um visual simplesmente ridículo (inspirado nas bandas glam de Los Angeles, como Poison, Mötley Crüe, Guns N` Roses e outras, que eram um fenômeno de vendas na época) e Warrior abandonou o pseudônimo e passou a assinar como Thomas Gabriel. O disco gravado sob esse panorama foi chamado “Cold Lake”. Dizer que esse álbum é pífio seria elogiá-lo. As canções já não têm mais nada em comum com o black metal (era, agora, um hard rock insosso), soam artificiais e descartáveis. Parecia claro que Gabriel tencionava conquistar o mercado americano, inatingido pelo Frost, e resolveu copiar os grupos que então faziam sucesso por lá - logo ele, que ficara famoso como um vanguardista. Contudo, a tentativa foi em vão, já que o álbum não foi bem nos EUA. Além disso, os antigos fãs viraram as costas ao conjunto, que outrora representara o que de mais íntegro existia no underground e que, de repente, se transformou naquilo que eles mais odiavam: uma banda comercial, barata, vendida.
Com o fracasso de “Cold Lake”, Gabriel viu-se num beco sem saída. Estava claro que continuar com aquela proposta não o levaria a lugar nenhum e, se decidisse voltar aos velhos tempos, seria oportunismo demais - e o underground não tolera oportunismo. O fim foi, então, irremediável.
De qualquer forma, apesar de ter se transformado numa piada ao final de sua carreira, a banda (ou as bandas?) de Warrior, indiscutivelmente, foi responsável por uma reviravolta no heavy metal, uma das mais ousadas e vanguardistas de sua história - seja quando provou que a simplicidade podia ser imaginativa, seja quando teve a capacidade de trazer a um estilo tido como limitado as maiores inovações já sofridas por ele.
O grupo tentou inutilmente uma volta na década de 90 (tentativa nunca admitida): lançou uma coletânea com algum material inédito e apresentou-se como convidado em alguns shows. No entanto, seu tempo já passou.