Velha cordeona, lá no rancho abandonada
Já não presta pra mais nada
Sinto no peito uma dor
Quanta saudade, dos bailes e carreiradas
Quando se abria entonada
Nos braços de um cantador
Velha Cordeona, ao ver teu fole furado
Fico triste, amargurado
Ao te ver sem serventia
Pois quantas vezes, nos bailes lá do povoado
Acariciei teu teclado
Até clarear o dia
Velha Cordeona relíquia deste peão
Te considero um pedaço do meu próprio coração
Velha cordeona, só resta recordação
Lá da estância onde fui peão
Nos tempos de domador
Quando contigo, perto do fogo de chão
Pra filha do meu patrão
Cantei versinhos de amor
Velha cordeona, minha fiel companheira
Nos bailes lá da fronteira
Tu eras minha rainha
Lá pelas tantas, quando outro te pegava
Tu até desafinava
Pra mostrar que era só minha
Velha cordeona, vou te consertar com calma
Vou lutar de corpo e alma
Pra tu não ser esquecida
Para cantar, as tradições do passado
Ei de viver ao teu lado
O resto da minha vida