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Aquarela do Morro

Gordurinha

Vê que beleza de samba que vem lá de cima
Onde a dor não encontra uma rima
A dor não obriga ninguém ser infeliz

Vê essa coisa horrorosa de porta e janela
É barraco, aquilo é favela
Mas tem um sambista poeta que diz:

A felicidade é convenção!
Só é feliz quem canta samba com o coração
Favela, presépio sem cor, sem ano bom e sem natal
Só tem direito a três dias de asfalto no teu carnaval

Toda amargura de um ano, um ano de nada
Se veste de seda e traz batucada
Três dias que apaga um ano de dor

Favela onde a telha é luxo e o zinco é sucesso
O teu samba não paga ingresso
Na sala do rico, no lar do doutor

Composição: Waldeck Arthur de Macedo





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