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Biografia de Glay

Tudo começou em 1988, na cidade de Hakodate, na ilha de Hokkaido, norte do Japão. Takuro tinha uma banda punk chamada "Guest-apo", mas estava insatisfeito com ela. Por isso, resolveu desfazê-la e montar outra. Ele queria uma banda em que tivesse mais liberdade para tocar o estilo que quisesse, rock, pop, etc. Assim, juntamente com o baixista de sua antiga banda, ele começou um novo projeto, que chamou de Glay. Glay é uma maneira errada de se escrever "gray", que significa "cinza" em inglês. Como, para os japoneses, não faz diferença se é R ou se é L, escrever Glay ou Gray é a mesma coisa. Normalmente, o nome é pronunciado "gurei". Takuro escolheu esse nome porque ele simboliza o som feito pela banda: nem pop, nem rock, mas alguma coisa entre os dois; nem branco, nem preto, mas uma mistura dos dois, ou seja, cinza.

A banda tinha um nome, tinha uma proposta de som, um guitarrista e um baixista; faltava ainda encontrar um vocalista e um baterista. Takuro encontrou logo alguém que pudesse desempenhar a função de baterista: Teru, seu colega de classe no ginásio. Só estava faltando um vocalista, o que foi extremamente difícil de encontrar. Um dia, porém, Teru telefonou para Takuro dizendo que havia gravado sua voz nas fitas demo que eles gravavam nos ensaios. Foi aí que Takuro descobriu que o vocalista que tanto procurava estava por perto o tempo todo. Logo ele encontrou um baterista novo, e o Glay estava pronto para iniciar suas atividades.

O Glay estava completo até que, um dia, Takuro resolveu que queria mais um guitarrista para sua banda. Ele decidiu isso quando conheceu Hisashi, o guitarrista de uma banda chamada "Ari". Hisashi estudava na mesma escola que Takuro, mas os dois não eram amigos. Depois que o Ari terminou, Takuro decidiu se aproximar de Hisashi e, com a desculpa de que estava interessado em comprar seu videogame, passou a visitar sua casa. Finalmente, Takuro convidou Hisashi para fazer parte de sua banda, e Hisashi aceitou, mas por não saber exatamente o que dizer. No início, Hisashi não gostava do GLAY, principalmente porque ele preferia fazer um som mais pesado. Com o tempo ele passou a ter mais respeito pela banda e por Takuro.

Depois da formatura de Hisashi, em 1990, a banda foi tentar construir uma carreira em Tóquio. Somente Takuro, Teru e Hisashi foram, os outros dois quiseram continuar em Hakodate. Em Tóquio, eles arrumaram outro baixista e outro baterista. No começo, não foi nada fácil pra esses rapazes: eles não conseguiam muitos lugares pra tocar, e o principal motivo era seu estilo de música, que não se encaixava no perfil das casas. Os shows que conseguiam fazer não tinham quase nenhum público. Por causa das dificuldades, ou pra tornar as coisas ainda mais difíceis, os baixistas e bateristas sempre deixavam a banda, que estava sempre procurando novos músicos.

Para poder continuar vivendo, eles precisavam trabalhar em vários empregos diferentes. Tendo que se desdobrar com o trabalho e os ensaios, sem ter onde tocar e com a banda incompleta, parecia estar tudo perdido para eles. Até que a solução veio em 1992, quando a banda ganhou um novo baixista. Eles já conheciam Jiro desde os tempos de colegial; ele era integrante de uma banda chamada Pierrot e, muitas vezes, as duas bandas se encontraram em festivais interescolares. Jiro havia partido de Hakodate em 1991, quando se formou da escola. Ele também fora para Tóquio tentar a sorte com sua banda, seguindo o conselho do próprio Takuro. No entanto, a banda havia se desmanchado e Jiro também se sentia perdido, só trabalhando, embora não estivesse tão desesperado quanto os outros. Takuro o convidou para tocar em sua banda, mas ele não quis aceitar, por não se identificar com eles. Takuro pediu então para que ele os ajudasse em uma música e ele aceitou. Jiro acabou ficando, embora nunca tenha aceitado oficialmente fazer parte da banda.

A entrada de Jiro mudou completamente a sorte do Glay, que começou a ter sucesso a partir de então. Jiro, que tinha contatos, ajudou a banda a conseguir locais para tocar. Ele também promoveu mudanças que fizeram a banda ter mais apelo e atrair pessoas para suas apresentações. Agora eles tinham público e seus demos vendiam razoavelmente. Esse sucesso acabou atraindo a atenção de um famoso músico, integrante de uma famosa banda de rock. Em uma fatídica apresentação no Ishikawa Club, em 1993, estava presente na platéia ninguém menos que Yoshiki, baterista do X-Japan e dono do selo Extasy Records. Yoshiki gostou da apresentação e ofereceu um contrato para a banda. Eles hesitaram um pouco, por medo de boatos que foram logo desmentidos, mas aceitaram a oferta.

Logo, em 1994, eles lançaram seu primeiro álbum, Hai to Daiamondo e o primeiro single, Rain, música composta por Takuro e Yoshiki. A banda conseguiu um sucesso logo de cara, mas foi em 1996, com o single Glorious atingindo a quarta posição no ranking da Oricon, que a banda começou a ter o nível de sucesso que os caracteriza como uma das bandas mais populares do Japão. A música seguinte, Beloved, atingiu o primeiro lugar, e o álbum homônimo foi o primeiro da carreira da banda a atingir 1 milhão de cópias vendidas. A partir daí, o Glay passou a conseguir um hit atrás do outro, com quase todos os seus cds atingindo a primeira posição nos charts.

Em 1997, o single However se tornou o single mais vendido no Japão até então, permanecendo por várias semanas no topo das paradas. No mesmo ano, a coletânea Review- Best of Glay, se tornou o álbum mais vendido, com quase 5 milhões de cópias vendidas. A banda nunca mais deixou de fazer sucesso, e, em 1999, realizou o Expo ’99, Survival, live in Makuhari, que até hoje detém o recorde de público: 200 mil pessoas. Em 2001 foi realizado o Expo 2001 Global Communication, que teve três apresentações: uma em Tóquio, outra em Hokkaido e outra em Kyushu. Em 2004, a banda comemorou seus 10 anos de carreira major, e o ponto alto da comemoração foi o Expo 2004 The Frustrated, realizado no Universal Studios Japan, em Osaka, que teve público de 100 mil pessoas.

Depois de celebrar 10 anos de sucesso, a banda passou por alguns contratempos. Em 2005 o Glay saiu da gravadora Unlimited Records, possivelmente por problemas graves envolvendo o pessoal da companhia e que aparentemente comprometeram diretamente a banda. Enquanto estava envolvido nesse problema o Glay, como banda, ficou impedido de desenvolver seus trabalhos. Só voltou em 2006, com uma série de grandes shows na turnê "Rock' N' Roll Swindle", produzida de forma independente. Logo depois, o Glay assinou com a gravadora Capitol Records, que faz parte da EMI Music Japan, companhia da qual a banda já fazia parte desde 2003 e Takuro fundou seu próprio escritório a Lover Soul.

O Glay obteve muitas conquistas e superou obstáculos durante os mais de 20 anos em que esteve na ativa e ainda não demonstra cansaço. Embora já tenham pensado em parar algumas vezes, parece que eles ainda pretendem continuar por um bom tempo, para a alegria dos fãs. Se depender de sua vontade, ainda teremos mais vinte anos, pelo menos, pra acrescentar a esta história.